Afinal, para quem achava que só faço fotos de bichos, informo que as minhas aptidões são um pouco mais abrangentes... :)
Acabei de realizar na empresa onde trabalho, no âmbito de um programa de dinamização dos recursos humanos, um workshop de fotografia que consistiu em ensinar aos meus colegas as técnicas específicas para fotografar flores e objectos de pequenas e médias dimensões. Flores na natureza, em vasos e flores artificiais, objectos como jóias, relógios, moedas, selos, peças de arte, decoração, garrafas, cerâmicas, frascos de perfume, equipamentos, brinquedos, materiais desportivos, etc.
Foram sessões à hora do almoço, portanto com um tempo muito limitado, mas onde foi possível transmitir as técnicas básicas num curso bastante prático e cujo feedback dos alunos me deixou bastante satisfeito.
Em breve espero poder publicar aqui as fotos de exposição de cada um dos meus alunos.
Até já!
quinta-feira, 20 de junho de 2013
quinta-feira, 23 de maio de 2013
Afinal… o que é macrofotografia?
Para aqueles que pouco ou nenhum contacto tiveram com a macrofotografia, a explicação que costumo utilizar é simples e fácil de compreender: "Macrofotografia é a modalidade fotográfica que procura retratar os detalhes do universo pequeno."
Contudo, para os que já conhecem esta ciência e praticam-na, a definição acima é demasiado superficial. Por isso é necessário especificar quais são os requisitos que diferenciam a macrofotografia de uma fotografia comum.
Entre os aspectos que abrangem os equipamentos fotográficos (óptica e o sensor) às dimensões do objecto fotografado, a questão mais importante e menos consensual diz respeito ao nível de magnificação obtido numa fotografia.
É precisamente neste contexto dos "limites das magnificação" que os aficionados da macrofotografia costumam debater em discussões intermináveis:
“Macro é exclusivamente quando o factor de ampliação é 1:1 ou superior…”
“Isso não é macro porque o assunto é muito grande…”
“Uma foto de uma flor nunca poderá ser uma macro…”
"Uma foto de uma libélula de corpo inteiro nunca poderá ser uma macro..."
“Macro é até 5:1, a partir daí é micro…”
“1:2 não é macro…”
" Foto com crop não é macro..."
Etc...
Já perdi a conta das vezes que expressei a minha opinião em fóruns e no facebook na tentativa de minimizar estas discussões desnecessárias e pouco produtivas. Contudo, como verifico que ainda persiste muita confusão à respeito do que define a macrofotografia, resolvi expor o meu ponto de vista de forma mais substanciada, principalmente no que concerne em revelar os parâmetros desta "ciência".
E se estamos à procura de definições para uma ciência, há que se encontrar o "responsável" pelo seu enunciado.
Por isso antes de responder à pergunta “o que é macrofotografia”, julgo que é importante perceber se já existiu ao longo da história da fotografia alguém que tenha sido o responsável pela criação da macrofotografia enquanto ciência, ou se o termo foi sendo apropriado e moldado conforme as necessidades de quem o pratica.
Em outras palavras, é preciso saber se houve na história da fotografia alguma pessoa, empresa ou instituição que tenha assumido de forma inequívoca a invenção do termo “macrofotografia” e, se tal aconteceu, tenha estabelecido normas e especificações que a regulamentasse.
Vamos efectuar uma pequena investigação à procura da paternidade da macrofotografia:
Comecemos pela definição dos dicionários.
Em Portugal, no site da Priberam não existem referências às palavras “macrofotografia”, “macro-fotografia” ou “macro fotografia”.
Fiquemos então pela partícula “macro”: vem do grego makrós, -á, ón, significa “grande”, “longo”.
Ou seja, não há qualquer menção que atribua à palavra “macro” parâmetros ou condições de existência.
Já nos dicionários em inglês é possível encontrar o termo “macrophotography” com a seguinte definição: “extremely close-up photography in which the image on the film is as large as, or larger than, the object”.
No que confere aos dicionários de língua inglesa, a maioria das referências estabelece um único parâmetro: a imagem que se forma no “filme” (sensor nos dias de hoje) tem que ser igual ou maior que o objecto fotografado.
Todavia, não há nestes dicionários pistas que denunciem quem criou ou estabeleceu a parametrização de escala real/natural (1:1) como norma ou padrão para a macrofotografia.
Então passemos às enciclopédias da internet.
Seja em língua portuguesa como inglesa, a referência mais comum à respeito da macrofotografia é aquela que a define como um tipo de fotografia que capta um tema com dimensões iguais ou superiores aquela que se forma no filme ou sensor.
Citemos a Wikipédia: “Classicamente, o campo da macrofotografia está delimitado pela captura de imagens em escala natural ou aumentada em até cerca de dez vezes seu tamanho natural (entre 1:1 e 10:1 de ampliação), mas uma definição precisa está cada vez mais difícil, uma vez que as muitas câmaras digitais usam sensores diminutos. Por outro lado, muitas fotos são obtidas à distância, com o uso de teleobjetivas para captura da imagem, e nem por isso a foto capturada deixa de ser uma macrofotografia.”
Uma vez mais, seja em Portugal ou em outros países, não há nas enciclopédias uma explicação histórica ou científica para atribuir à macrofotografia alguém que tenha estipulado valores absolutos de escala de ampliação.
Há registos de fotografias macros desde o início do século XIX. Lentes de aumento à frente do que já eram as primeiras câmaras, forneciam a capacidade de magnificação suficiente para efectuar fotografias com temas em escala real (1:1).
Na mesma altura, já havia quem acoplasse câmaras fotográficas aos microscópios para fazer fotos de organismos invisíveis ao olho desarmado. Em 1839, John Benjamin Dancer, um oftalmologista britânico, produziu as primeiras fotografias com factor de ampliação de 160x com uma câmara acoplada a um microscópio.
No início do século XX, nos primórdios da chamada fotografia da natureza, Ansel Adams e os seus colegas do Sierra Club já faziam fotografias macros da flora e fauna com lentes de diversas origens. Algumas lentes eram concebidas e fabricadas especificamente para o "efeito macro" como objectivas ou, na maioria dos casos, adaptadas artesanalmente pelos próprios fotógrafos em tubos ou foles.
Porém, se alguém merece a alcunha de primeiro grande macrofotógrafo do mundo, este é Percy Smith. Nascido em Londres em 1880, foi em 1910, com uma câmara de filmar, que efectuou a gravação de imagens de uma mosca a fazer acrobacias que causaram um grande fascínio na altura.
Em 1928, o que seria a primeira câmara reflex de Franke & Heidecke Rolleiflex de médio formato TLR já dispunha de uma objetiva de 35mm com capacidade macro.
Mas foi em 1955 que Heinz Kilfitt da Kilfitt Makro-Kilar de Liechtenstein criou para a marca de câmaras Exakta uma objectiva de 35mm-f/3.5. É considerada a primeira objectiva efectivamente dedicada à macrofotografia 1:1.
Todavia, na história da fotografia, dos seus primórdios aos dias de hoje, não há um único registo que atribua à macrofotografia um enunciado pautado por regras e requisitos necessários à sua existência enquanto ciência.
Sem legados históricos e sem haver alguém a quem possamos imputar a alcunha de criador da macrofotografia enquanto ciência, resta encontrar uma explicação de carácter pragmático e comercial.
A explicação mais plausível para a anexação à macrofotografia do conceito de “imagem captada em escala real/natural 1:1” pode ser encontrada no mercado de equipamentos ópticos como os fabricantes de objectivas.
Estas empresas convergiram, de acordo com a demanda dos seus equipamentos, na criação e comércio de objectivas com valores específicos como 1:1, 1:2, 5:1, 10:1, etc.
Um dado "pitoresco" é que estes mesmos fabricantes não abdicaram de lançar para o mercado objectivas com a chancela "macro” estampada em lentes com valores de ampliação menores que o 1:1 como, por exemplo, 1:2, ou ainda com valores menos “redondos” como o 1:3.7.
Contudo, não havendo patentes de objectivas macros, que nada mais são que canudos com lentes de aumento no seu interior, a indústria de equipamentos fotográficos nunca pode estabelecer normas reguladoras que definissem a macrofotografia de forma oficial. O que fizeram foi apenas lançar padrões comerciais que variaram segundo as tendências do mercado consumidor.
A história da macrofotografia é tão antiga quanto a da própria fotografia e o surgimento de fotógrafos e de equipamentos dedicados à macrofotografia nunca foi formatado ou constrangido por regras ou especificações para além das convencionadas pela indústria de equipamentos fotográficos.
Portanto, a conclusão que se pode chegar é que sem um registo histórico e factual da existência da invenção da macrofotografia enquanto ciência, não se lhe pode atribuir um conjunto de regras delimitadoras com valores específicos apenas porque "achamos" que deve ser assim.
Como ando nestas lides há algum tempo, sinto-me à vontade para transmitir a seguinte mensagem aos que, como eu, “vivem” este fabuloso mundo da macrofotografia:
- Preocupem-se menos em rotular e definir limites.
- Evitem pontos de vistas intransigentes sobre algo que não tem bases históricas para classificar como norma estabelecida.
- Aceitem como definições da macrofotografia conceitos mais intrínsecos e generalistas como o da aproximação, ampliação e revelação de detalhes.
- Desdramatizem o assunto, utilizem apenas o bom senso.
- Dediquem-se ao que realmente importa: fotografar.
© Paulo Torck - Maio de 2013
P.S. Bom senso, entre muitas coisas, é compreender minimamente o que separa uma macrofotografia de uma fotografia comum, como se pode ver no exemplo abaixo.
Contudo, para os que já conhecem esta ciência e praticam-na, a definição acima é demasiado superficial. Por isso é necessário especificar quais são os requisitos que diferenciam a macrofotografia de uma fotografia comum.
Entre os aspectos que abrangem os equipamentos fotográficos (óptica e o sensor) às dimensões do objecto fotografado, a questão mais importante e menos consensual diz respeito ao nível de magnificação obtido numa fotografia.
É precisamente neste contexto dos "limites das magnificação" que os aficionados da macrofotografia costumam debater em discussões intermináveis:
“Macro é exclusivamente quando o factor de ampliação é 1:1 ou superior…”
“Isso não é macro porque o assunto é muito grande…”
“Uma foto de uma flor nunca poderá ser uma macro…”
"Uma foto de uma libélula de corpo inteiro nunca poderá ser uma macro..."
“Macro é até 5:1, a partir daí é micro…”
“1:2 não é macro…”
" Foto com crop não é macro..."
Etc...
Já perdi a conta das vezes que expressei a minha opinião em fóruns e no facebook na tentativa de minimizar estas discussões desnecessárias e pouco produtivas. Contudo, como verifico que ainda persiste muita confusão à respeito do que define a macrofotografia, resolvi expor o meu ponto de vista de forma mais substanciada, principalmente no que concerne em revelar os parâmetros desta "ciência".
E se estamos à procura de definições para uma ciência, há que se encontrar o "responsável" pelo seu enunciado.
Por isso antes de responder à pergunta “o que é macrofotografia”, julgo que é importante perceber se já existiu ao longo da história da fotografia alguém que tenha sido o responsável pela criação da macrofotografia enquanto ciência, ou se o termo foi sendo apropriado e moldado conforme as necessidades de quem o pratica.
Em outras palavras, é preciso saber se houve na história da fotografia alguma pessoa, empresa ou instituição que tenha assumido de forma inequívoca a invenção do termo “macrofotografia” e, se tal aconteceu, tenha estabelecido normas e especificações que a regulamentasse.
Vamos efectuar uma pequena investigação à procura da paternidade da macrofotografia:
Dicionários
Comecemos pela definição dos dicionários.
Em Portugal, no site da Priberam não existem referências às palavras “macrofotografia”, “macro-fotografia” ou “macro fotografia”.
Fiquemos então pela partícula “macro”: vem do grego makrós, -á, ón, significa “grande”, “longo”.
Ou seja, não há qualquer menção que atribua à palavra “macro” parâmetros ou condições de existência.
Já nos dicionários em inglês é possível encontrar o termo “macrophotography” com a seguinte definição: “extremely close-up photography in which the image on the film is as large as, or larger than, the object”.
No que confere aos dicionários de língua inglesa, a maioria das referências estabelece um único parâmetro: a imagem que se forma no “filme” (sensor nos dias de hoje) tem que ser igual ou maior que o objecto fotografado.
Todavia, não há nestes dicionários pistas que denunciem quem criou ou estabeleceu a parametrização de escala real/natural (1:1) como norma ou padrão para a macrofotografia.
Enciclopédias
Então passemos às enciclopédias da internet.
Seja em língua portuguesa como inglesa, a referência mais comum à respeito da macrofotografia é aquela que a define como um tipo de fotografia que capta um tema com dimensões iguais ou superiores aquela que se forma no filme ou sensor.
Citemos a Wikipédia: “Classicamente, o campo da macrofotografia está delimitado pela captura de imagens em escala natural ou aumentada em até cerca de dez vezes seu tamanho natural (entre 1:1 e 10:1 de ampliação), mas uma definição precisa está cada vez mais difícil, uma vez que as muitas câmaras digitais usam sensores diminutos. Por outro lado, muitas fotos são obtidas à distância, com o uso de teleobjetivas para captura da imagem, e nem por isso a foto capturada deixa de ser uma macrofotografia.”
Uma vez mais, seja em Portugal ou em outros países, não há nas enciclopédias uma explicação histórica ou científica para atribuir à macrofotografia alguém que tenha estipulado valores absolutos de escala de ampliação.
Raízes históricas
Há registos de fotografias macros desde o início do século XIX. Lentes de aumento à frente do que já eram as primeiras câmaras, forneciam a capacidade de magnificação suficiente para efectuar fotografias com temas em escala real (1:1).
Na mesma altura, já havia quem acoplasse câmaras fotográficas aos microscópios para fazer fotos de organismos invisíveis ao olho desarmado. Em 1839, John Benjamin Dancer, um oftalmologista britânico, produziu as primeiras fotografias com factor de ampliação de 160x com uma câmara acoplada a um microscópio.
No início do século XX, nos primórdios da chamada fotografia da natureza, Ansel Adams e os seus colegas do Sierra Club já faziam fotografias macros da flora e fauna com lentes de diversas origens. Algumas lentes eram concebidas e fabricadas especificamente para o "efeito macro" como objectivas ou, na maioria dos casos, adaptadas artesanalmente pelos próprios fotógrafos em tubos ou foles.
Porém, se alguém merece a alcunha de primeiro grande macrofotógrafo do mundo, este é Percy Smith. Nascido em Londres em 1880, foi em 1910, com uma câmara de filmar, que efectuou a gravação de imagens de uma mosca a fazer acrobacias que causaram um grande fascínio na altura.
Em 1928, o que seria a primeira câmara reflex de Franke & Heidecke Rolleiflex de médio formato TLR já dispunha de uma objetiva de 35mm com capacidade macro.
Mas foi em 1955 que Heinz Kilfitt da Kilfitt Makro-Kilar de Liechtenstein criou para a marca de câmaras Exakta uma objectiva de 35mm-f/3.5. É considerada a primeira objectiva efectivamente dedicada à macrofotografia 1:1.
Todavia, na história da fotografia, dos seus primórdios aos dias de hoje, não há um único registo que atribua à macrofotografia um enunciado pautado por regras e requisitos necessários à sua existência enquanto ciência.
Uma questão pragmática
Sem legados históricos e sem haver alguém a quem possamos imputar a alcunha de criador da macrofotografia enquanto ciência, resta encontrar uma explicação de carácter pragmático e comercial.
A explicação mais plausível para a anexação à macrofotografia do conceito de “imagem captada em escala real/natural 1:1” pode ser encontrada no mercado de equipamentos ópticos como os fabricantes de objectivas.
Estas empresas convergiram, de acordo com a demanda dos seus equipamentos, na criação e comércio de objectivas com valores específicos como 1:1, 1:2, 5:1, 10:1, etc.
Um dado "pitoresco" é que estes mesmos fabricantes não abdicaram de lançar para o mercado objectivas com a chancela "macro” estampada em lentes com valores de ampliação menores que o 1:1 como, por exemplo, 1:2, ou ainda com valores menos “redondos” como o 1:3.7.
Contudo, não havendo patentes de objectivas macros, que nada mais são que canudos com lentes de aumento no seu interior, a indústria de equipamentos fotográficos nunca pode estabelecer normas reguladoras que definissem a macrofotografia de forma oficial. O que fizeram foi apenas lançar padrões comerciais que variaram segundo as tendências do mercado consumidor.
Conclusão
A história da macrofotografia é tão antiga quanto a da própria fotografia e o surgimento de fotógrafos e de equipamentos dedicados à macrofotografia nunca foi formatado ou constrangido por regras ou especificações para além das convencionadas pela indústria de equipamentos fotográficos.
Portanto, a conclusão que se pode chegar é que sem um registo histórico e factual da existência da invenção da macrofotografia enquanto ciência, não se lhe pode atribuir um conjunto de regras delimitadoras com valores específicos apenas porque "achamos" que deve ser assim.
Por fim e não menos importante...
Como ando nestas lides há algum tempo, sinto-me à vontade para transmitir a seguinte mensagem aos que, como eu, “vivem” este fabuloso mundo da macrofotografia:
- Preocupem-se menos em rotular e definir limites.
- Evitem pontos de vistas intransigentes sobre algo que não tem bases históricas para classificar como norma estabelecida.
- Aceitem como definições da macrofotografia conceitos mais intrínsecos e generalistas como o da aproximação, ampliação e revelação de detalhes.
- Desdramatizem o assunto, utilizem apenas o bom senso.
- Dediquem-se ao que realmente importa: fotografar.
© Paulo Torck - Maio de 2013
P.S. Bom senso, entre muitas coisas, é compreender minimamente o que separa uma macrofotografia de uma fotografia comum, como se pode ver no exemplo abaixo.
quinta-feira, 9 de maio de 2013
Workshop que vou realizar no Centro Ciência Viva de Proença-a-Nova dia 25 de Maio
Roteiro da minha sessão:
•Equipamento
•Parâmetros da câmara
•Luz
•Execução
•Edição
•Composição
•Noções de
focus stacking
mais informações no site do Centro Ciência Viva da Floresta
quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013
A Edição na Macrofotografia
1. Faça as suas fotos no formato RAW
2. Utilize o software da sua câmara para abrir o ficheiro RAW
Verifique no site do fabricante da sua câmara se o editor RAW bem como os respetivos CODECs estão atualizados. Se quiser pode utilizar outros editores RAW ou até mesmo o Photoshop com o plugin adequado, mas tenha em mente que o software produzido pelo fabricante da sua câmara é uma garantia de qualidade e compatibilidade que nem sempre é encontrada em soluções alternativas.
3. Proceda aos ajustes básicos
- Exposição -> equalize os níveis de luz de modo que a “montanha” do histograma esteja centrada no gráfico e que não ultrapasse o limite superior
- Brilho -> diminua a amplitude tonal para tornar a foto menos baça. Atenção para não escurecer demais as baixas luzes (zonas cinzentas tornarem-se negras) ou clarear fortemente as altas luzes (zonas claras tornarem-se queimadas)
- Saturação -> ajuste ao seu gosto
- Sharp -> aplique a dose máxima possível de nitidez (sharp)
4. Transporte o resultado para o Photoshop
Pode ser feito de duas formas:
- Diretamente -> alguns editores RAW permitem exportar diretamente para o Photoshop, chegando mesmo a abri-lo por si.
- Indiretamente -> se o seu editor RAW não dispõe de um botão de exportação, então salve o que acabou de editar em RAW para o seu disco no formato TIF/TIFF de 16bit descomprimido. A seguir, abra este ficheiro com o Photoshop.
5. Com a imagem aberta no Photoshop, enquadre corretamente
- Rotação -> utilize Menu\Image\Image Rotation para rodar/inclinar a foto na posição que pretende.
- Enquadramento -> utilize a ferramenta “crop” para recortar ao seu gosto.
6. Proceda à limpeza dos ruídos visuais
- Pontos negros causados pela sujidade no sensor -> utilize as ferramentas “spot healing” e “clone stamp” para eliminar estes pontos. O ideal é dominar o uso destas ferramentas e utilizar uma ou outra conforme dê mais jeito.
- Manchas e resíduos dispensáveis -> Se a foto não tem pretensões documentais e o que se quer é acima de tudo valorizar a estética, utilize as ferramentas “spot healing” e “clone stamp” para apagar o que é distrativo e irrelevante para a composição escolhida: poeiras, pequenos detritos, pelos soltos, etc. No caso de macros com insetos pode remover dos substratos onde se encontra o tema da foto (folhas, flores, troncos, chão, etc) qualquer elemento que considere antiestético como manchas, fissuras, relevos, sujidade, etc.
- Fundo com ruídos visuais de contornos -> linhas e formas muito presentes podem ser “borradas” com a ferramenta “blur”
- Fundo com ruídos visuais de reflexos e sombras -> sombras ou brilhos/reflexos de luz, que sejam muito vincados e que representem um ruído visual, podem ser atenuados com as ferramentas “burn” (para escurecer brilhos e reflexos) e "dodge" (para clarear sombras).
6. Ajuste novamente a gama tonal
Apesar de já ter feito no editor RAW o ajuste de exposição através da afinação na gama tonal, a transposição para o Photoshop pode implicar a necessidade de uma nova afinação. Em Menu\Image\Adjustments\Curves ou Levels procure tornar a sua foto “mais brilhante”. Pode fazê-lo diminuindo a amplitude tonal (aproximar os valores extremos para o centro). Atenção para não exagerar de forma a não escurecer demais as baixas luzes (zonas cinzentas tornarem-se negras) ou clarear fortemente as altas luzes (zonas claras tornarem-se queimadas).
Nota: A regulação do brilho do seu monitor impacta diretamente neste procedimento. Se o seu monitor é demasiado brilhante poderá levá-lo a ajustar a foto de forma que outras pessoas considerem-na subexposta. O contrário, ou seja um monitor com pouco brilho, poderá induzi-lo a uma edição excessivamente brilhante. Uma das possíveis soluções é fazer comparações: procure comparar o resultado do seu trabalho ao nível do brilho com os trabalhos de autores mais experientes.
7. Reduza as dimensões da foto para publicar no facebook ou em sites de fotografia
Recomendo que reduza as fotos para dimensões que sejam suficientes para a observação de terceiros e ao mesmo tempo seja um entrave para evitar que a sua foto seja “roubada” (se você tem a foto original em RAW com dimensões maiores e sem crop poderá fazer prova da sua autoria). A redução que sugiro pode ser 800px, 1024px ou 1200px, mas pode obviamente fazê-lo na medida que desejar. Vejamos como:
- Em Menu\Image\Image Size defina a dimensão que pretende em “Width/Largura” e “Height/Altura”. Na mesma janela, escolha o método “Bicubic Sharper (best for reduction).
8. Aplique se necessário uma dose de sharp
Pondere se o resultado final está perfeito ou se ainda poderá levar uma pequena ou grande dose de sharp:
- Em Menu\Filter\Sharpen\Smart Sharpen -> faça experiências com estes dois parâmetros: “Amount” e “Radius”. Para uma imagem com 800px ou 1024px comece com valores baixos, por exemplo Amount 20% e Radius 0,3 pixels. Vá aumentando os valores progressivamente até notar que está a ultrapassar o aceitável (não deixe as suas imagens demasiado crispadas, prefira uma textura mais natural).
9. Verifique se a imagem está pronta para salvar em ficheiro JPEG
Em Menu\Image\Mode selecione os modos “RGB Color” e “8 Bits/Channel”
10. Salve em ficheiro JPEG
Em Menu\File\Save As escolha o formato "JPEG (*.JPG;*JPEG;*JPE)" e clique em SAVE
11. Quando surgir a janela “JPEG Options” salve com a máxima qualidade
Selecione a máxima qualidade -> Large File
© Paulo Torck - Fevereiro 2013
sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013
Revista Photonize
Foi com muita honra que aceitei escrever a matéria da edição nº 1 deste belo projeto editorial online que é a Revista Photonize. Aproveito para dar os parabéns ao John Batista pela excelente ideia.
A Revista Photonize já está online!
Acesse a página www.photonize.net
A nitidez na macrofotografia
No universo da
macrofotografia quem procura evidenciar a riqueza dos detalhes precisa de
nitidez como pão para a boca. A nitidez é fundamental para revelar os
pormenores que escapam ao olho desarmado. Vamos compreender melhor a sua
essência, bem como abordar técnicas e recursos que possibilitam obter
fotografias macros mais nítidas.
Detalhes da textura de uma vespa
Canon 60D e objetiva Canon MP-E 65mm
| ISO
100 | f/8 | 1/30” | 65mm | flash on | Stack 80 photos |
Em primeiro ligar convém
esclarecer que “nitidez” e “definição” são sinónimos. Utilizo o termo “nitidez”
por uma questão didática: para que não haja confusões com a palavra “resolução”.
A nitidez (ou definição) é utilizada para qualificar uma imagem segundo o seu
nível de detalhes. Já a resolução quantifica o número de pixels de uma imagem. Portanto, a título de exemplo, podemos estar
diante de uma foto com pouca resolução e muita definição e vice-versa.
Dito isso, passemos aos fatores que influenciam a nitidez de uma foto e o que podemos fazer para obter melhores resultados:
Estabilidade
Se já observou através de um
telescópio percebeu que qualquer vibração, por menor que seja, resulta numa
observação tremida. A realidade na fotografia macro é a mesma, qualquer tremor
é suficiente para retirar nitidez devido ao efeito de arrasto (motion blur). Para fotografias feitas
sem tripé, as técnicas de respiração utilizadas em práticas como tiro ao alvo e
arco e flecha são bem-vindas para uma maior firmeza no momento do disparo. A
forma como seguramos a câmara também pode ajudar numa maior estabilidade, por
exemplo, enquanto seguramos a câmara com as duas mãos, devemos recolher os
cotovelos para junto do tórax e assim obtermos do próprio tronco um tipo de
apoio. Pressionar o botão do obturador de forma delicada é igualmente
recomendado. Algumas câmaras e objetivas possuem sistemas de estabilização como
o IS da Canon e o VR da Nikon. Porém, movimentos muito bruscos tornam estes
equipamentos ineficazes. Por isso, sempre que possível, utilize um tripé para
fazer fotos macros, principalmente em situações com magnificações iguais ou
superiores a 1:1. Contudo, quanto maior for a magnificação, mais sensível será
a reação a pequenas oscilações, a tal ponto que até o próprio movimento do
espelho ou do mecanismo de obturação podem contribuir para um resultado indesejado.
A utilização do sistema de bloqueio do espelho existente na maioria das câmaras
DSLR é um recurso fortemente recomendado principalmente quando envolve
magnificações muito elevadas.
Na 2ª foto efeito de arrasto (motion blur)
provocado pela trepidação do fotógrafo
Canon 60D e objetiva Canon MP-E 65mm
| ISO
160 | f/10 | 1/2” | 65mm | flash on |

SEM TRIPÉ:

SEM TRIPÉ:
Apoie os cotovelos ao tronco para maior firmeza.
No momento do disparo sustenha a respiração no final do ciclo respiratório.
No momento do disparo sustenha a respiração no final do ciclo respiratório.
Mantenha-se assim até efectuar o disparo. O botão do disparador deve ser
carregado gentilmente, num movimento contínuo de pressão.
Movimento do tema - seres vivos e o vento
Temos aqui o mesmo princípio do
tópico acima, mas com a particularidade de ser o "movimento do tema" o principal responsável
pela falta de estabilidade. Muitos macrofotógrafos dedicam grande parte dos
seus trabalhos aos seres vivos, o que implica trabalhar com temas não
estáticos. O problema agrava-se quando acrescentamos o “fator vento”. Um tema
captado com movimento apresentará à partida uma deficiência de nitidez causada
pelo efeito do arrasto. Mais adiante iremos ver como o flash pode atenuar ou
até eliminar o efeito do arrasto, mas por enquanto fiquemos pela procura do
momento certo, ou seja, o breve instante que um ser vivo permanece estático.
Cada ser vivo terá a sua peculiaridade em relação aos movimentos, sendo que o
macrofotógrafo deverá encontrar a respetiva forma de lidar com cada situação.
Por exemplo, uma abelha que esteja à coleta do pólen movimenta-se de flor em
flor sem deixar muitos intervalos propícios para o fotógrafo. Será melhor
esperar até que pouse e que se ocupe com a coleta do pólen. Portanto, advém do
conhecimento dos comportamentos dos seres vivos a solução para obtermos
melhores resultados em relação a falta de nitidez decorrente do efeito de
arrasto. Em relação aos espaços abertos, onde o vento é responsável pelo
balanço das folhas, flores e dos troncos onde estão pousados os animais, convém
esperar por um momento que sopre com menos intensidade ou procurar sítios mais
abrigados como clareiras e vales. Em alguns casos, alternativamente, podemos
utilizar acessórios como um braço articulado com uma pinça para agarrar e
estabilizar a folha, flor ou tronco.
Efeito de arrasto (motion blur)
provocado pelo movimento do tema
Canon 450D e objetiva Canon 60mm
| ISO
100 | f/16 | 1/80” | 60mm | flash on |
VENTO:
Exemplo de suporte para evitar a
trepidação causada pela acção do vento
Tempo de exposição e o uso do flash para congelar o movimento
Nos tópicos anteriores referi os
problemas relativos aos movimentos do fotógrafo e do tema. Falemos agora de um
acessório que pode ajudar em ambos os casos. Sem flash, portanto a depender
apenas da luz ambiente, o efeito de arrasto pode ser atenuado com velocidades
mais rápidas de obturação. Para evitar utilizar valores ISO muito elevados, que
causariam mais grão e falta de nitidez, é preciso “injetar” mais luz ou
utilizar maiores aberturas do diafragma. Porém uma forma mais eficiente de
congelar os movimentos é com o uso do flash. O flash emite uma luz intensa por
uma fração de segundo imprimindo uma imagem “congelada” no sensor, mesmo que
utilizemos uma velocidade de obturação mais lenta. Entretanto, há que ter o
cuidado com o tempo de obturação de forma a evitar que a luz ambiente provoque
algum efeito residual de arrasto. Por isso esta técnica tanto será mais
eficiente quanto menos luz ambiente houver.
Foto ao fim do dia com a aranha a balançar na rede
foi
“congelada” com o flash a disparar a ¼ da sua
potência normal
Canon 60D e objetiva Canon 60mm
| ISO
400 | f/5.6 | 1/200” | 60mm | flash on |
FLASH:
Se as condições forem de movimento do tema ou do fotógrafo,
o uso do flash pode ajudar a congelar o momento
Foco
Enquanto as recém-lançadas light-field camera, também chamadas de plenoptic camera como a Lytro, que
“focam tudo” não são um standard, temos que conviver com o implacável “foco”.
Uma foto desfocada é uma foto sem nitidez. Antes de prosseguir, há que ter o
cuidado de não confundir “erro de foco” com “profundidade de campo reduzida”,
que apesar de apresentarem resultados similares, são coisas diferentes e devem
ser tratadas de forma específica. O foco é o ponto onde converge a luz e por
conseguinte a área de maior nitidez. Focar é apontar para a parte mais
importante do tema. Portanto, se queremos que a nitidez seja perfeita é
fundamental que o foco esteja no ponto exato. Todavia, em macros nem sempre é
fácil acertar com o foco no sítio pretendido. É comum haver condições adversas
como pouca luz e objetos de reduzidas dimensões. Recursos como uma luz auxiliar
(por exemplo uma lanterna), a utilização da “lupa” no live view ou uma ocular de magnificação para o view finder, podem ajudar no momento da execução da foto. Outro
fator que contribui para a imprecisão no foco está associado aos movimentos indesejados
no momento do disparo, por isso o tripé é um importante aliado.
Erro de foco: ficou abaixo do olho mais relevante
Canon 450D e objetiva Canon 60mm
A qualidade do sistema ótico
influi diretamente na nitidez. Quanto melhor for o equipamento ótico disponível,
tanto melhor será a definição. Entre os vários equipamentos óticos existentes
comercialmente ou adaptados, as objetivas dedicadas à macrofotografia
apresentam-se como a melhor solução para satisfazer uma necessidade exigente de
definição. As diferenças variam de marca para marca e até entre modelos, pelo
que é recomendado um estudo aprofundado antes de investir neste equipamento.
Sob este aspeto, o que realmente conta para a maior definição é a excelência
dos vidros, a quantidade destes no seu interior e o dimensionamento e design das lâminas do diafragma. Apesar
de ser indiscutível a superioridade das objetivas dedicadas à macro, é possível
chegar a resultados satisfatórios através de equipamentos como as objetivas não
macro equipadas com acessórios de magnificação (tubos de extensão, foles,
lentes e filtros de aumento, teleconversores, etc.) bem como objetivas
invertidas ligadas à câmara através de um adaptador ou colocadas à frente de
outra objetiva com o uso de um anel de ligação.
Foto rica em detalhes deve-se em boa parte à
qualidade da
objetiva dedicada a macro Canon MP-E 65mm
Canon 60D e objetiva Canon MP-E 65mm
| ISO
200 | f/13 | 1/80” | 65mm | flash on |
EQUIPAMENTO ÓTICO:
Antes de investir na compra de tubos de extensão, teleconversores
ou filtros de aumento como o raynox, pondere a aquisição de uma
objetiva dedicada à macrofotografia. Não só a qualidade é superior como a
usabilidade e praticidade serão fatores a considerar
EQUIPAMENTO ÓTICO:
Antes de investir na compra de tubos de extensão, teleconversores
ou filtros de aumento como o raynox, pondere a aquisição de uma
objetiva dedicada à macrofotografia. Não só a qualidade é superior como a
usabilidade e praticidade serão fatores a considerar
Abertura (difração da luz)
Todas as objetivas têm um sweet spot, a abertura numa determinada
distância focal onde desempenha a melhor performance em relação à nitidez. No
entanto, em macros é comum utilizarmos aberturas muito fechadas para se
conseguir uma maior profundidade de campo. Tais aberturas costumam ultrapassar
em muito o sweet spot ao ponto de
causarem a difração da luz e por consequência a perda de nitidez. A solução
está no “compromisso” com a profundidade de campo desejada face a uma perda da
definição em níveis aceitáveis. Ganha-se de um lado, perde-se do outro.
Deve-se procurar o equilíbrio entre a abertura
e a profundidade de campo para evitar a difração da
luz
Canon 60D e objetiva Canon 60mm
| ISO
100 | f/11 | 1/60” | 60mm | flash on |
A abertura que apresenta a melhor definição de uma objetiva varia conforme a marca e modelo.
Procure no manual ou pela internet a informação respectiva à sua objetiva
SWEET SPOT:
De uma forma muito genérica, o sweet spot encontra-se nas aberturas entre f/8 e f/11
De uma forma muito genérica, o sweet spot encontra-se nas aberturas entre f/8 e f/11
Procure no manual ou pela internet a informação respectiva à sua objetiva
Qualidade do sensor
As câmaras e os respetivos sensores têm evoluído constantemente no poder de resolução (pixels), definição (maior nitidez e ausência de ruídos em ISO elevado) e fidelidade (realismo das cores e maior contraste na gama tonal). Não há qualquer dúvida que estaremos melhor equipados para obter fotos mais nítidas quanto mais sofisticado for o sensor e maior resolução houver. Todavia, um olhar pragmático sobre a realidade dos equipamentos faz-nos concluir que este assunto tem um peso muito maior do que realmente deveria ter. A diferença de qualidade não é tão discrepante quando comparada com as câmaras ligeiramente mais antigas. No caso da macrofotografia, nota-se mais a evolução na questão do ISO havendo nos modelos mais novos uma melhor resposta no tratamento do excesso de ruído. Os muitos “megapixels” dos novos sensores são igualmente bem-vindos ao universo macro. Mas efetivamente será a ótica o fator predominante na obtenção de uma melhor definição e é neste recurso que vale bem a pena o investimento uma vez que as objetivas têm maior tempo de vida útil que os corpos das câmaras suscetíveis aos avanços da tecnológica.
Sensores com muita resolução permitem realizar crops
mais
acentuados sem demasiada perda de qualidade
Canon 60D e objetiva Canon MP-E 65mm
| ISO
200 | f/16 | 1/60” | 65mm | flash on | Crop 50% |
MUITOS PIXELS:
A máxima serve para qualquer modalidade fotográfica:
"quanto mais pixels melhor". Mas não sobrevalorize o assunto,
corpos ligeiramente mais antigos, pouco ficam atrás dos atuais.
Pondere em investir em boas objetivas e terá seguramente um melhor investimento
A máxima serve para qualquer modalidade fotográfica:
"quanto mais pixels melhor". Mas não sobrevalorize o assunto,
corpos ligeiramente mais antigos, pouco ficam atrás dos atuais.
Pondere em investir em boas objetivas e terá seguramente um melhor investimento
Luz
A fonte de luz afeta a nitidez de
forma indireta quer pela “intensidade” como pelo “ângulo de incidência”. A
intensidade ou potência tem que ser suficiente para poder aplicar o menor ISO
possível. Já o ângulo de incidência da luz afetará a “perceção” da textura a
ponto de dar a sensação de maior ou menor nitidez. Assim, quanto maior for
investimento no “arsenal” de iluminação natural ou artificial, maior será a
capacidade de encontrar uma luz que resulte em maior nitidez real ou
percecionada.
Luz natural e difusa pode proporcionar uma perceção
diferente
da textura quando comparado com a luz direta de um
flash
Canon 60D e objetiva Canon MP-E 65mm
Edição
A edição tem o peso definitivo.
Uma execução impecável, com as melhores técnicas e com o mais sofisticado
equipamento pode ter a nitidez arruinada por uma edição incompetente. Apesar de
não haver uma fórmula de edição padrão, podemos em termos gerais assinalar
alguns passos mais importantes como: a) cuidado na extração do ficheiro RAW
evitando perder qualidade na transposição para o JPEG; b) evitar alterações
radicais na compensação de luz e nos ajustes de contraste e saturação; c)
avaliar a necessidade de aplicar um filtro “sharp”
para melhor perceção de nitidez. Por fim e muito importante é ponderar a
reedição da versão de exibição, ou seja, o tratamento que devemos aplicar à
imagem face à dimensão e resolução pretendidas na sua publicação. Por exemplo,
se vamos expor a foto com o tamanho de 800 pixels, sendo que o original tem
5000 pixels, há que ter o cuidado na redução de forma a salvaguardar a sua
melhor definição. Quase todos os softwares de edição permitem escolher o método
de redimensionamento de uma imagem, bastando escolher aquela que é indicada para
o melhor nível de detalhes e no final avaliar se após o processo de redução
ainda deva ser aplicada uma nova dose do filtro “sharp”.
Uma boa edição deve eliminar tudo que não
contribui para a valorização da composição
Canon 60D e objetiva Canon MP-E 65mm
© Paulo Torck - Janeiro 2013
quarta-feira, 22 de agosto de 2012
Macrofotografia e a Ética
Longe está o dia de haver um consenso entre os fotógrafos em relação à manipulação da vida selvagem para fins fotográficos. O ponto central da discordância envolve principalmente assuntos do fórum ambiental e ético. No caso específico da macrofotografia com seres vivos, os debates gravitam em torno da manipulação dos animais e respectivos limites éticos.
Ética é um assunto que parece variar de acordo com os interesses de cada um. Por exemplo, Chris Palmer no livro Shooting in the Wild expõe de forma constrangedora os segredos de alguns documentários da TV que de vida selvagem pouco ou nada têm: sons inventados, lutas encenadas, animais em cativeiro mostrados como selvagens, etc. As razões para estas manipulações têm a ver com o facilidade e a economia de tempo e dinheiro na produção. Quando os responsáveis são confrontados com a “fraude” argumentam que conseguem assegurar melhor qualidade técnica e dramática… Nestes casos não restam dúvidas que a ética está a ser “torcida” para tentar de alguma forma legitimar trabalhos apresentados como realistas. Tais argumentos são uma afronta moral e comercial aos verdadeiros documentários que investiram tempo e recursos para obter um produto genuinamente natural.
Contudo, mais do que avaliar o valor de uma produção “encenada” ou “natural”, pretendo debater a questão ética: o "consumidor" do documentário está a ser enganado? Há que reconhecer que alguns documentários encenados colocam nos genéricos finais um disclaimer a informar que determinadas cenas foram manipuladas para um melhor resultado do ponto de vista do entretenimento. Ao meu ver esta atitude para além de irrelevante porque poucas pessoas prestam real atenção aos genéricos, também é inócua pois a “mentira” já foi contada e o expectador comeu gato por lebre.
Transpondo o mesmo tipo de questão ética para a macrofotografia, podemos igualmente discutir se uma foto encenada ou manipulada constitui uma espécie de mentira contada ao "consumidor", ao expectador. Tenho por opinião que a resposta pode ser sim ou não dependendo do âmbito onde é exibida e como é rotulada pelo autor. A macrofotografia é apenas uma técnica fotográfica e pode estar ou não estar associada à chamada “fotografia da natureza”, onde, segundo o senso comum, o fotógrafo não deve intervir na execução de uma foto. "Ser uma macrofotografia” não confere de forma automática à foto a classificação de projecto documental ou artístico. É necessário que o autor defina um objectivo, expresso ou implícito, e o meio de distribuição adequado. O fotógrafo quando expõe a sua foto num ambiente que não corresponde ao princípio subjacente do seu trabalho precisa evidenciar de forma inequívoca o âmbito que o projecto está inserido.
Em termos práticos, no contexto da "fotografia da natureza", devemos evitar a publicação de uma foto encenada ou manipulada num site ou fórum cujas regras proíbam tais procedimentos. Havendo situações menos claras, é de bom tom que a foto seja apresentada com a ressalva do autor. Por outro lado, mudando para o âmbito da "fotografia estética ou artística", as fotos publicadas em sites ou fóruns que não especifiquem regras contra encenações ou manipulações, não devem ser julgadas por critérios que nunca foram estabelecidos.
© Paulo Torck
Agosto/2012
Ética é um assunto que parece variar de acordo com os interesses de cada um. Por exemplo, Chris Palmer no livro Shooting in the Wild expõe de forma constrangedora os segredos de alguns documentários da TV que de vida selvagem pouco ou nada têm: sons inventados, lutas encenadas, animais em cativeiro mostrados como selvagens, etc. As razões para estas manipulações têm a ver com o facilidade e a economia de tempo e dinheiro na produção. Quando os responsáveis são confrontados com a “fraude” argumentam que conseguem assegurar melhor qualidade técnica e dramática… Nestes casos não restam dúvidas que a ética está a ser “torcida” para tentar de alguma forma legitimar trabalhos apresentados como realistas. Tais argumentos são uma afronta moral e comercial aos verdadeiros documentários que investiram tempo e recursos para obter um produto genuinamente natural.
Contudo, mais do que avaliar o valor de uma produção “encenada” ou “natural”, pretendo debater a questão ética: o "consumidor" do documentário está a ser enganado? Há que reconhecer que alguns documentários encenados colocam nos genéricos finais um disclaimer a informar que determinadas cenas foram manipuladas para um melhor resultado do ponto de vista do entretenimento. Ao meu ver esta atitude para além de irrelevante porque poucas pessoas prestam real atenção aos genéricos, também é inócua pois a “mentira” já foi contada e o expectador comeu gato por lebre.
Transpondo o mesmo tipo de questão ética para a macrofotografia, podemos igualmente discutir se uma foto encenada ou manipulada constitui uma espécie de mentira contada ao "consumidor", ao expectador. Tenho por opinião que a resposta pode ser sim ou não dependendo do âmbito onde é exibida e como é rotulada pelo autor. A macrofotografia é apenas uma técnica fotográfica e pode estar ou não estar associada à chamada “fotografia da natureza”, onde, segundo o senso comum, o fotógrafo não deve intervir na execução de uma foto. "Ser uma macrofotografia” não confere de forma automática à foto a classificação de projecto documental ou artístico. É necessário que o autor defina um objectivo, expresso ou implícito, e o meio de distribuição adequado. O fotógrafo quando expõe a sua foto num ambiente que não corresponde ao princípio subjacente do seu trabalho precisa evidenciar de forma inequívoca o âmbito que o projecto está inserido.
Em termos práticos, no contexto da "fotografia da natureza", devemos evitar a publicação de uma foto encenada ou manipulada num site ou fórum cujas regras proíbam tais procedimentos. Havendo situações menos claras, é de bom tom que a foto seja apresentada com a ressalva do autor. Por outro lado, mudando para o âmbito da "fotografia estética ou artística", as fotos publicadas em sites ou fóruns que não especifiquem regras contra encenações ou manipulações, não devem ser julgadas por critérios que nunca foram estabelecidos.
© Paulo Torck
Agosto/2012
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