quarta-feira, 27 de novembro de 2013

A história de uma foto


Local: Monte Alto, SP, Brasil
Ano: 1985 ou 1986
Câmara: Nikon F3
Filme: Kodacolor VR 400
Luz: Sem flash, luz do sol
Setup: Penso que foi a f/8 e 1/50s

Acredito que muitas pessoas com hobbie fotográfico têm uma foto que lhe atribuem a condição de ponto de viragem. Para mim é o caso desta libélula.

Mas antes, um pouco de história:  no início dos anos 80 as minhas primeiras macros, nem câmara eu tinha. Usava na altura o equipamento da agência de publicidade brasileira onde trabalhava. Produzia as fotos na medida que os criativos me solicitavam. Lembro-me de fotografar flocos de cereais, pormenores de rótulos e outras coisas do tipo. Os objectos mais pequenos que fotografei foram umas engrenagens de um relógio, desmontadas e espalhadas por cima de uma partitura musical.

As minhas primeiras macros de insectos com o mínimo de qualidade vieram anos depois quando comprei a primeira câmara à sério, uma Nikon F3 com uma prime Nikkor de 35mm e tubo de extensão também da Nikon. Nunca cheguei a comprar um flash para esta câmara, apesar da vontade, o dinheiro não dava para tudo.


A foto da libélula foi feita nesta época e considero-a mais importante macro que fiz. Não foi a primeira, mas foi a que me deixou convencido que tinha algum jeito para a coisa.

À vista de hoje, claro que não é nada de espectacular, mas na altura eu próprio fiquei surpreendido com os detalhes. É bom lembrar que os dias eram muito diferentes, não fazíamos fotos como hoje, os custos com filmes/revelações não permitiam fazer demasiadas fotos. Por vezes, ia para o mato e ao final do dia tinha clicado 2 ou 3 fotos. Como vocês podem imaginar, ao fim de muitos rolos de filmes (e dinheiro) é que havia uma ou outra foto que nos entusiasmava. É o caso desta libélula, ficou num porta retratos e salvou-se graças a isso.

Esta foto foi feita numa altura que já me preparava para me mudar para Portugal, o que implicou em deixar o hobbie. Câmara, carro e todos os meus pertences mais caros foram vendidos, já que não pensava mais voltar a viver no Brasil. Isso foi em 1989.


Num grande esforço de memória, sem certezas pois já lá vão muitos anos, penso que foi feita com f/8, 1/50s e luz do sol. Pelo menos, este setup era o mais habitual. O filme era certamente Kodak ASA 400 porque pagava preços promocionais pelos filmes e revelação.


Infelizmente as revelações da Kodak daquela altura no Brasil eram uma grande porcaria e o negativo não sobreviveu para poder fazer uma cópia como deve ser.


O hobbie ficou em stand by até finais dos anos 90. Daí veio o digital, lentes invertidas, tubos, etc...