quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

A escolha de um flash para a macrofotografia

Se decidiu investir num flash a pensar essencialmente na macrofotografia, então leia este texto, é possível que o ajude no processo de escolha do equipamento.



Em primeiro lugar, avalie as suas prioridades e os seus recursos financeiros.

Por exemplo, ao adquirir um flash tradicional estará a investir num equipamento que tanto servirá para fotos normais como macros. Já um flash anelar (ring flash) encaixado como filtro numa objectiva terá pouca aplicação prática para além da macrofotografia.

Em relação à sua disponibilidade financeira, apenas a título de exemplo, se chegou à conclusão que um determinado tipo de flash é o ideal, havendo que decidir entre dois modelos, um com TTL e outro sem, o flash com TTL será sem dúvida uma melhor escolha, mas terá certamente um preço mais caro.

Para facilitar a explicação, vou agrupar os equipamentos de iluminação portátil nos seguintes segmentos:

A) Flash anelar


Há de dois tipos: electrónico ou com luzes LED

1. Electrónico:

2. Com luzes LED:




B) Flash externo tradicional


Pode ser utilizado:

1. Sobre a sapata da câmara:

2. Preso a um suporte ligado à câmara (bracket):


Nota: Uma solução com bracket permite a utilização de mais de um flash. Obviamente, quantos mais flashes tiver à sua disposição, melhores serão as hipóteses de obter uma boa luz. Todavia, penalizará a portabilidade na mesma proporção.


C) Flash Twin


Coloca-se à frente da objetiva:



Qual é a melhor solução para a macrofotografia?


Não há uma resposta única porque há demasiados aspectos para avaliar em cada equipamento como o preço, portabilidade, peso, capacidade E-TTL, potência, ajuste da intensidade, abrangência da luz, flexibilidade na utilização, direcção da luz, possibilidade de utilizar difusor, qualidade do material, cor da luz, consumo, etc.




Vantagens e desvantagens de cada tipo de flash do ponto de vista da macrofotografia:



  • Flash anelar electrónico


PROS: É uma solução prática porque é um equipamento leve quando comparado com um conjunto de 2 ou mais flashes externos e que proporciona uma luz envolvente capaz de eliminar a maioria das sombras.
CONTRAS: Normalmente, a luz é inflexível e homogénea. Ou seja, é uma luz cujo o ângulo de incidência é frontal e com intensidade uniforme. Nos casos de projectos fotográficos documentais, estas características não constituem um grande problema, mas no caso dos projectos fotográficos “estéticos”, onde se procura uma luz gradual que varia de intensidade sobre o tema, não irá conseguir este efeito com um flash anelar. Todavia, há modelos que dispõem de controlos de potência por quadrante ou por metades, que podem dar algum efeito de graduação da luz, mas em via de regra tais equipamentos costumam ter preços muito elevados.




  • Flash anelar com LEDs:



PROS: A sua luz contínua facilita o momento de fazer o foco, pois nas macros com aberturas muito fechadas a iluminação reforçada sobre o tema é muito bem vinda. Outro ponto a favor está na sua utilização para filmagens macros. Outro ponto a favor é que a maioria destes equipamentos dispõe de regulações por metades ou quadrantes, o que ajuda a obter uma luz menos homogénea (mais gradual).
CONTRAS: De forma geral, raramente apresentam potência que se compare a um flash estroboscópico. Mesmo os melhores e mais fortes não são suficientemente potentes para situações com aberturas muito fechadas.




  • Flash externo único sobre a sapata



PROS: A grande vantagem é poder ser utilizado em todas as situações, seja macro ou fotografia “comum”.
CONTRAS: Quando colocado sobre a sapata e não havendo outro flash a actuar em conjunto, esta solução apresenta uma certa dificuldade de fazer chegar a luz ao tema. Mesmo com a utilização de um difusor eficiente, é pouco provável conseguir uma luz tridimensional que consiga eliminar totalmente as sombras.  Nota: não estou a considerar a utilização de difusores que “transformam” o flash sobre a sapata numa espécie de flash anelar. Neste caso, passa a ser avaliado como um flash anelar.




  • Flash externo único colocado sobre um suporte (bracket)

PROS: A diferença em relação ao flash colocado sobre a sapata está na flexibilidade que o bracket acrescenta em relação ao ângulo da luz. Neste caso consegue-se fazer incidir a luz sobre o tema de forma mais controlada. Ou seja, consegue-se assim direccionar o ângulo da luz favorecendo quem pretende uma fotografia mais estética.
CONTRAS: O facto de utilizar um único flash irá manter o problema da incapacidade de eliminar sombras, por melhor que seja o difusor utilizado.




  • Flashes externos colocados sobre um suporte (bracket)

PROS: Uma solução com 2 ou mais flashes tem potencial para se tornar o que de melhor podemos almejar em termos de iluminação portátil de campo. Quanto mais flashes externos acrescentarmos, melhores serão as condições para obter melhores resultados.
CONTRAS: Parece óbvio que custos e portabilidade aumentam na proporção que se acrescentam flashes nesta solução.




  • Flash Twin



PROS: Os “twin” podem ser comparados a solução de 2 flashes num bracket com a vantagem de serem leves e normalmente criados unicamente para a macrofotografia, o que significa que dispõem de controlos muito precisos para este efeito. A sua flexibilidade na direcção da luz e portabilidade representam para muitos fotógrafos a melhor solução disponível à venda.
CONTRAS: Na maioria dos casos trata-se de um equipamento caro.



Portabilidade vs Mobilidade

A procura da iluminação ideal passa pela decisão de transportar mais ou menos equipamento para o campo:




O que eu recomendo?

Como disse no início, há muitos factores a ponderar sobre cada equipamento. Para além disso, questões como custos e a utilização exclusiva à macrofotografia são determinantes e específicos da cada pessoa. Por isso posso apenas recomendar que antes de comprar qualquer flash, pesquise pela net quais equipamentos são utilizados pelos fotógrafos mais experientes. Tente perceber através das fotos obtidas por cada equipamento, características como suavidade da luz, capacidade de iluminar o tema e o fundo, eliminação de sombras, graduação da luz, ângulo de incidência, tonalidade das cores. Veja os resultados que cada tipo de solução proporciona e compare os resultados. Lembre-se, ao analisar as fotos, que há para além dos flashes utilizados a influência dos difusores e da pós-edição.

Boas fotos!

© Paulo Torck - Dezembro de 2013

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

A história de uma foto


Local: Monte Alto, SP, Brasil
Ano: 1985 ou 1986
Câmara: Nikon F3
Filme: Kodacolor VR 400
Luz: Sem flash, luz do sol
Setup: Penso que foi a f/8 e 1/50s

Acredito que muitas pessoas com hobbie fotográfico têm uma foto que lhe atribuem a condição de ponto de viragem. Para mim é o caso desta libélula.

Mas antes, um pouco de história:  no início dos anos 80 as minhas primeiras macros, nem câmara eu tinha. Usava na altura o equipamento da agência de publicidade brasileira onde trabalhava. Produzia as fotos na medida que os criativos me solicitavam. Lembro-me de fotografar flocos de cereais, pormenores de rótulos e outras coisas do tipo. Os objectos mais pequenos que fotografei foram umas engrenagens de um relógio, desmontadas e espalhadas por cima de uma partitura musical.

As minhas primeiras macros de insectos com o mínimo de qualidade vieram anos depois quando comprei a primeira câmara à sério, uma Nikon F3 com uma prime Nikkor de 35mm e tubo de extensão também da Nikon. Nunca cheguei a comprar um flash para esta câmara, apesar da vontade, o dinheiro não dava para tudo.


A foto da libélula foi feita nesta época e considero-a mais importante macro que fiz. Não foi a primeira, mas foi a que me deixou convencido que tinha algum jeito para a coisa.

À vista de hoje, claro que não é nada de espectacular, mas na altura eu próprio fiquei surpreendido com os detalhes. É bom lembrar que os dias eram muito diferentes, não fazíamos fotos como hoje, os custos com filmes/revelações não permitiam fazer demasiadas fotos. Por vezes, ia para o mato e ao final do dia tinha clicado 2 ou 3 fotos. Como vocês podem imaginar, ao fim de muitos rolos de filmes (e dinheiro) é que havia uma ou outra foto que nos entusiasmava. É o caso desta libélula, ficou num porta retratos e salvou-se graças a isso.

Esta foto foi feita numa altura que já me preparava para me mudar para Portugal, o que implicou em deixar o hobbie. Câmara, carro e todos os meus pertences mais caros foram vendidos, já que não pensava mais voltar a viver no Brasil. Isso foi em 1989.


Num grande esforço de memória, sem certezas pois já lá vão muitos anos, penso que foi feita com f/8, 1/50s e luz do sol. Pelo menos, este setup era o mais habitual. O filme era certamente Kodak ASA 400 porque pagava preços promocionais pelos filmes e revelação.


Infelizmente as revelações da Kodak daquela altura no Brasil eram uma grande porcaria e o negativo não sobreviveu para poder fazer uma cópia como deve ser.


O hobbie ficou em stand by até finais dos anos 90. Daí veio o digital, lentes invertidas, tubos, etc...


segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Tapinhas nas costas




Vou resumir todo este artigo em duas frases:

Publique as suas fotos no facebook para aumentar o seu ego. 
Publique as suas fotos nos fóruns de fotografia para aumentar o seu conhecimento!

Se já entendeu a mensagem e concorda com ela, pode ignorar o resto deste texto se a sua curiosidade assim permitir. Se não concorda, sugiro que leia até ao final para depois tirar as suas conclusões.

Agora podemos aprofundar o assunto:


Facebook


Gostaria de deixar claro que nada tenho contra o acto de publicar trabalhos fotográficos no facebook ou em qualquer outra rede social. Pelo contrário, considero que são bons meios para difundir projectos fotográficos, apesar da perda de definição que a compactação do facebook faz aos uploads.

Todavia, chamo a atenção para o facto dos comentários no facebook, em sua grande maioria, serem feitos por leigos que se limitam a expressar um “gosto” ou “excelente” e as suas respectivas variantes. Mesmo a minoria composta por pessoas com conhecimentos fotográficos, tem por hábito manter este mesmo registo “simpático” e “elogioso”. Isto acontece porque estamos inseridos numa rede social, onde convém ser amigável e pouco conflituoso. É um comportamento típico dos povos latinos e naturalmente espelhado num ambiente de comunidade virtual. A própria estrutura funcional do botão “like” do facebook torna a experiência de avaliação muito redutora e tendencialmente positiva: afinal não há um botão de “no like”, pois não?

Não restam dúvidas que estamos diante de uma grande fonte de inchaço para o ego. Porém, já considerou que este positivismo exagerado e pouco rigoroso pode não ser totalmente benéfico para o aprimoramento da sua técnica fotográfica?

Obviamente que esta pergunta é dirigida a quem reconhece que há valores técnicos a serem observados. Se não atribui qualquer valor aos fundamentos fotográficos ou se a sua ambição se limita a receber elogios, se isso faz sentir-se bem, então é razoável que se fique apenas pela partilha de fotos no facebook. Ninguém o irá recriminar por isso, é perfeitamente natural e humano.

Todavia, se a sua ambição leva-o a querer escrutinar os seus trabalhos de forma fundamentada, no sentido de perceber o que está bem e o que está mal para poder evoluir na técnica fotográfica, então irá precisar de uma ajuda efectivamente fundamentada, algo que dificilmente irá obter no facebook.


Fóruns


Antes de mais, notem que há inúmeras formas de escrutinar os vossos trabalhos fotográficos: podem mostra-los aos colegas de cursos de fotografia, falar com amigos fotógrafos, mostrá-los nos workshops e encontros fotográficos, etc. Entretanto, há que reconhecer que os fóruns de fotografia estão a mão de semear e são na maioria das vezes uma boa fonte de informação sobre todo o universo fotográfico.

Nos fóruns encontramos um pouco de tudo, de especialistas realmente capacitados a pessoas sem competência. Por isso nem todas as avaliações ou dicas podem ser consideradas válidas. O tempo, a experiência, o convívio e o bom senso conduzem-nos a compreender cada vez melhor o que podemos entender como útil ou dispensável ao nosso processo de aprimoramento.

Reconheço que muitos fotógrafos, mesmo os mais experientes, podem ficar inibidos de publicar os seus trabalhos nos fóruns por acharem que os comentários são normalmente muito rigorosos. E sejamos frontais: ainda bem que é desta forma, caso contrário estaríamos diante de mais uma rede social, mais um sítio para levar tapinhas nas costas. Os fóruns reúnem pessoas supostamente ligadas ao tema da fotografia. Como o tema é intrinsecamente caro a todos, é natural que os comentários sejam rigorosos e não raramente depreciativos. Estamos num ambiente onde se fomenta a guerra contra as imperfeições. A forma como as opiniões são expressas variam de acordo com os seus interlocutores: podemos receber críticas polidas e educadas em contraponto de outras mais rudes e ásperas. Contudo, seja qual for o tom da avaliação, o resultado será em grande parte das vezes útil para corrigirmos o que andamos a fazer mal e reforçar o que fazemos bem.


Conclusões


Se quer permanecer na sua zona de conforto, o facebook é uma opção válida. Se quer aprender ou aprimorar os fundamentos fotográficos, então aventure-se num fórum.


Algumas recomendações


  • Se tem pouca experiência fotográfica: participe num fórum. Os fóruns não são exclusivos dos experts, todos têm direito a participar. Por isso perca a inibição, publique as suas fotos e faça críticas e avaliações das fotos dos colegas. 
  • Se acha que já sabe tudo: participe num fórum. Irá perceber, em pouco tempo, que não sabe tudo.
  • Se acha que as suas fotos são perfeitas: participe num fórum. Poderá se surpreender com as possíveis imperfeições que julgava não haver.
  • Se acha que ninguém está acima de si para criticar: participe num fórum. Prove a si mesmo que é melhor que os demais.
  • Se não acredita em técnicas e fundamentos fotográficos: fique pelo facebook ;)


Alguns endereços de fóruns de fotografia


http://www.forumfotografia.net (na minha opinião, o melhor de todos os fóruns de língua portuguesa)
http://macrofotografiaportugal.com (fórum fundado por mim especificamente para a macrofotografia)
http://www.forumdigitalfoto.com
http://forum.brfoto.com.br
http://forum.mundofotografico.com.br





© Paulo Torck - Outubro de 2013


quinta-feira, 20 de junho de 2013

Workshop de Flores e Objectos

Afinal, para quem achava que só faço fotos de bichos, informo que as minhas aptidões são um pouco mais abrangentes... :)

Acabei de realizar na empresa onde trabalho, no âmbito de um programa de dinamização dos recursos humanos, um workshop de fotografia que consistiu em ensinar aos meus colegas as técnicas específicas para fotografar flores e objectos de pequenas e médias dimensões. Flores na natureza, em vasos e flores artificiais, objectos como jóias, relógios, moedas, selos, peças de arte, decoração, garrafas, cerâmicas, frascos de perfume, equipamentos, brinquedos, materiais desportivos, etc.

Foram sessões à hora do almoço, portanto com um tempo muito limitado, mas onde foi possível transmitir as técnicas básicas num curso bastante prático e cujo feedback dos alunos me deixou bastante satisfeito.

Em breve espero poder publicar aqui as fotos de exposição de cada um dos meus alunos.

Até já!









quinta-feira, 23 de maio de 2013

Afinal… o que é macrofotografia?

Para aqueles que pouco ou nenhum contacto tiveram com a macrofotografia, a explicação que costumo utilizar é simples e fácil de compreender: "Macrofotografia é a modalidade fotográfica que procura retratar os detalhes do universo pequeno."

Contudo, para os que já conhecem esta ciência e praticam-na, a definição acima é demasiado superficial. Por isso é necessário especificar quais são os requisitos que diferenciam a macrofotografia de uma fotografia comum.

Entre os aspectos que abrangem os equipamentos fotográficos (óptica e o sensor) às dimensões do objecto fotografado, a questão mais importante e menos consensual diz respeito ao nível de magnificação obtido numa fotografia.

É precisamente neste contexto dos "limites das magnificação" que os aficionados da macrofotografia costumam debater em discussões intermináveis:

“Macro é exclusivamente quando o factor de ampliação é 1:1 ou superior…”
“Isso não é macro porque o assunto é muito grande…”
“Uma foto de uma flor nunca poderá ser uma macro…”
"Uma foto de uma libélula de corpo inteiro nunca poderá ser uma macro..."
“Macro é até 5:1, a partir daí é micro…”
“1:2 não é macro…”
" Foto com crop não é macro..."
Etc...

Já perdi a conta das vezes que expressei a minha opinião em fóruns e no facebook na tentativa de minimizar estas discussões desnecessárias e pouco produtivas. Contudo, como verifico que ainda persiste muita confusão à respeito do que define a macrofotografia, resolvi expor o meu ponto de vista de forma mais substanciada, principalmente no que concerne em revelar os parâmetros desta "ciência".

E se estamos à procura de definições para uma ciência, há que se encontrar o "responsável" pelo seu enunciado.

Por isso antes de responder à pergunta “o que é macrofotografia”, julgo que é importante perceber se já existiu ao longo da história da fotografia alguém que tenha sido o responsável pela criação da macrofotografia enquanto ciência, ou se o termo foi sendo apropriado e moldado conforme as necessidades de quem o pratica.

Em outras palavras, é preciso saber se houve na história da fotografia alguma pessoa, empresa ou instituição que tenha assumido de forma inequívoca a invenção do termo “macrofotografia” e, se tal aconteceu, tenha estabelecido normas e especificações que a regulamentasse.

Vamos efectuar uma pequena investigação à procura da paternidade da macrofotografia:

Dicionários


Comecemos pela definição dos dicionários.

Em Portugal, no site da Priberam não existem referências às palavras “macrofotografia”,  “macro-fotografia” ou “macro fotografia”.

Fiquemos então pela partícula “macro”: vem do grego makrós, -á, ón, significa “grande”, “longo”.

Ou seja, não há qualquer menção que atribua à palavra “macro” parâmetros ou condições de existência.

Já nos dicionários em inglês é possível encontrar o termo “macrophotography” com a seguinte definição: “extremely close-up photography in which the image on the film is as large as, or larger than, the object”.

No que confere aos dicionários de língua inglesa, a maioria das referências estabelece um único parâmetro: a imagem que se forma no “filme” (sensor nos dias de hoje) tem que ser igual ou maior que o objecto fotografado.

Todavia, não há nestes dicionários pistas que denunciem quem criou ou estabeleceu a parametrização de escala real/natural (1:1) como norma ou padrão para a macrofotografia.



Enciclopédias


Então passemos às enciclopédias da internet.

Seja em língua portuguesa como inglesa, a referência mais comum à respeito da macrofotografia é aquela que a define como um tipo de fotografia que capta um tema com dimensões iguais ou superiores aquela que se forma no filme ou sensor.

Citemos a Wikipédia: “Classicamente, o campo da macrofotografia está delimitado pela captura de imagens em escala natural ou aumentada em até cerca de dez vezes seu tamanho natural (entre 1:1 e 10:1 de ampliação), mas uma definição precisa está cada vez mais difícil, uma vez que as muitas câmaras digitais usam sensores diminutos. Por outro lado, muitas fotos são obtidas à distância, com o uso de teleobjetivas para captura da imagem, e nem por isso a foto capturada deixa de ser uma macrofotografia.”

Uma vez mais, seja em Portugal ou em outros países, não há nas enciclopédias uma explicação histórica ou científica para atribuir à macrofotografia alguém que tenha estipulado valores absolutos de escala de ampliação.


Raízes históricas


Há registos de fotografias macros desde o início do século XIX. Lentes de aumento à frente do que já eram as primeiras câmaras, forneciam a capacidade de magnificação suficiente para efectuar fotografias com temas em escala real (1:1).

Na mesma altura, já havia quem acoplasse câmaras fotográficas aos microscópios para fazer fotos de organismos invisíveis ao olho desarmado. Em 1839, John Benjamin Dancer, um oftalmologista britânico, produziu as primeiras fotografias com factor de ampliação de 160x com uma câmara acoplada a um microscópio.

No início do século XX, nos primórdios da chamada fotografia da natureza, Ansel Adams e os seus colegas do Sierra Club já faziam fotografias macros da flora e fauna com lentes de diversas origens. Algumas lentes eram concebidas e fabricadas especificamente para o "efeito macro" como objectivas ou, na maioria dos casos, adaptadas artesanalmente pelos próprios fotógrafos em tubos ou foles.

Porém, se alguém merece a alcunha de primeiro grande macrofotógrafo do mundo, este é Percy Smith. Nascido em Londres em 1880, foi em 1910, com uma câmara de filmar, que efectuou a gravação de imagens de uma mosca a fazer acrobacias que causaram um grande fascínio na altura.

Em 1928, o que seria a primeira câmara reflex de Franke & Heidecke Rolleiflex de médio formato TLR já dispunha de uma objetiva de 35mm com capacidade macro.

Mas foi em 1955 que Heinz Kilfitt da Kilfitt Makro-Kilar de Liechtenstein criou para a marca de câmaras Exakta uma objectiva de 35mm-f/3.5. É considerada a primeira objectiva efectivamente dedicada à macrofotografia 1:1.

Todavia, na história da fotografia, dos seus primórdios aos dias de hoje, não há um único registo que atribua à macrofotografia um enunciado pautado por regras e requisitos necessários à sua existência enquanto ciência.


Uma questão pragmática


Sem legados históricos e sem haver alguém a quem possamos imputar a alcunha de criador da macrofotografia enquanto ciência, resta encontrar uma explicação de carácter pragmático e comercial.

A explicação mais plausível para a anexação à macrofotografia do conceito de “imagem captada em escala real/natural 1:1” pode ser encontrada no mercado de equipamentos ópticos como os fabricantes de objectivas.

Estas empresas convergiram, de acordo com a demanda dos seus equipamentos, na criação e comércio de objectivas com valores específicos como 1:1, 1:2, 5:1, 10:1, etc.

Um dado "pitoresco" é que estes mesmos fabricantes não abdicaram de lançar para o mercado objectivas com a chancela "macro” estampada em lentes com valores de ampliação menores que o 1:1  como, por exemplo, 1:2, ou ainda com valores menos “redondos” como o 1:3.7.

Contudo, não havendo patentes de objectivas macros, que nada mais são que canudos com lentes de aumento no seu interior, a indústria de equipamentos fotográficos nunca pode estabelecer normas reguladoras que definissem a macrofotografia de forma oficial. O que fizeram foi apenas lançar padrões comerciais que variaram segundo as tendências do mercado consumidor.


Conclusão


A história da macrofotografia é tão antiga quanto a da própria fotografia e o surgimento de fotógrafos e de equipamentos dedicados à macrofotografia nunca foi formatado ou constrangido por regras ou especificações para além das convencionadas pela indústria de equipamentos fotográficos.

Portanto, a conclusão que se pode chegar é que sem um registo histórico e factual da existência da invenção da macrofotografia enquanto ciência, não se lhe pode atribuir um conjunto de regras delimitadoras com valores específicos apenas porque "achamos" que deve ser assim.


Por fim e não menos importante...


Como ando nestas lides há algum tempo, sinto-me à vontade para transmitir a seguinte mensagem aos que, como eu, “vivem” este fabuloso mundo da macrofotografia:

- Preocupem-se menos em rotular e definir limites.
- Evitem pontos de vistas intransigentes sobre algo que não tem bases históricas para classificar como norma estabelecida.
- Aceitem como definições da macrofotografia conceitos mais intrínsecos e generalistas como o da aproximação, ampliação e revelação de detalhes.
- Desdramatizem o assunto, utilizem apenas o bom senso.
- Dediquem-se ao que realmente importa: fotografar.


© Paulo Torck - Maio de 2013

P.S. Bom senso, entre muitas coisas, é compreender minimamente o que separa uma macrofotografia de uma fotografia comum, como se pode ver no exemplo abaixo.




quinta-feira, 9 de maio de 2013

Workshop que vou realizar no Centro Ciência Viva de Proença-a-Nova dia 25 de Maio

Roteiro da minha sessão:

Equipamento
Parâmetros da câmara
Luz
Execução
Edição
Composição
Noções de focus stacking



mais informações no site do Centro Ciência Viva da Floresta


 



quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

A Edição na Macrofotografia

Espero que esta “receita” ajude a obter melhores resultados estéticos na edição das suas macros. Contudo é bom notar que se trata de um procedimento genérico, deve ser entendido portanto como uma espécie de guião para a uma edição básica. Se pretende obter um melhor resultado, procure aprofundar o conhecimento do editor de extração RAW da sua câmara e do editor de imagens como o Photoshop (ou outro que utilize).


1. Faça as suas fotos no formato RAW


2. Utilize o software da sua câmara para abrir o ficheiro RAW

Verifique no site do fabricante da sua câmara se o editor RAW bem como os respetivos CODECs estão atualizados. Se quiser pode utilizar outros editores RAW ou até mesmo o Photoshop com o plugin adequado, mas tenha em mente que o software produzido pelo fabricante da sua câmara é uma garantia de qualidade e compatibilidade que nem sempre é encontrada em soluções alternativas.



3. Proceda aos ajustes básicos
  • Exposição -> equalize os níveis de luz de modo que a “montanha” do histograma esteja centrada no gráfico e que não ultrapasse o limite superior
  • Brilho -> diminua a amplitude tonal para tornar a foto menos baça. Atenção para não escurecer demais as baixas luzes (zonas cinzentas tornarem-se negras) ou clarear fortemente as altas luzes (zonas claras tornarem-se queimadas)
  • Saturação -> ajuste ao seu gosto
  • Sharp -> aplique a dose máxima possível de nitidez (sharp)


4. Transporte o resultado para o Photoshop

Pode ser feito de duas formas:

  • Diretamente -> alguns editores RAW permitem exportar diretamente para o Photoshop, chegando mesmo a abri-lo por si.

  • Indiretamente -> se o seu editor RAW não dispõe de um botão de exportação, então salve o que acabou de editar em RAW para o seu disco no formato TIF/TIFF de 16bit descomprimido. A seguir, abra este ficheiro com o Photoshop.


5. Com a imagem aberta no Photoshop, enquadre corretamente

  • Rotação -> utilize Menu\Image\Image Rotation para rodar/inclinar a foto na posição que pretende.

  • Enquadramento -> utilize a ferramenta “crop” para recortar ao seu gosto.


6. Proceda à limpeza dos ruídos visuais

  • Pontos negros causados pela sujidade no sensor -> utilize as ferramentas “spot healing” e “clone stamp” para eliminar estes pontos. O ideal é dominar o uso destas ferramentas e utilizar uma ou outra conforme dê mais jeito.

  • Manchas e resíduos dispensáveis -> Se a foto não tem pretensões documentais e o que se quer é acima de tudo valorizar a estética, utilize as ferramentas “spot healing” e “clone stamp” para apagar o que é distrativo e irrelevante para a composição escolhida: poeiras, pequenos detritos, pelos soltos, etc. No caso de macros com insetos pode remover dos substratos onde se encontra o tema da foto (folhas, flores, troncos, chão, etc) qualquer elemento que considere antiestético como manchas, fissuras, relevos, sujidade, etc.

  • Fundo com ruídos visuais de contornos -> linhas e formas muito presentes podem ser “borradas” com a ferramenta “blur

  • Fundo com ruídos visuais de reflexos e sombras -> sombras ou brilhos/reflexos de luz, que sejam muito vincados e que representem um ruído visual, podem ser atenuados com as ferramentas “burn” (para escurecer brilhos e reflexos) e "dodge" (para clarear sombras).


6. Ajuste novamente a gama tonal

Apesar de já ter feito no editor RAW o ajuste de exposição através da afinação na gama tonal, a transposição para o Photoshop pode implicar a necessidade de uma nova afinação. Em Menu\Image\Adjustments\Curves ou Levels procure tornar a sua foto “mais brilhante”. Pode fazê-lo diminuindo a amplitude tonal (aproximar os valores extremos para o centro). Atenção para não exagerar de forma a não escurecer demais as baixas luzes (zonas cinzentas tornarem-se negras) ou clarear fortemente as altas luzes (zonas claras tornarem-se queimadas).

Nota: A regulação do brilho do seu monitor impacta diretamente neste procedimento. Se o seu monitor é demasiado brilhante poderá levá-lo a ajustar a foto de forma que outras pessoas considerem-na subexposta. O contrário, ou seja um monitor com pouco brilho, poderá induzi-lo a uma edição excessivamente brilhante. Uma das possíveis soluções é fazer comparações: procure comparar o resultado do seu trabalho ao nível do brilho com os trabalhos de autores mais experientes.




7. Reduza as dimensões da foto para publicar no facebook ou em sites de fotografia

Recomendo que reduza as fotos para dimensões que sejam suficientes para a observação de terceiros e ao mesmo tempo seja um entrave para evitar que a sua foto seja “roubada” (se você tem a foto original em RAW com dimensões maiores e sem crop poderá fazer prova da sua autoria). A redução que sugiro pode ser 800px, 1024px ou 1200px, mas pode obviamente fazê-lo na medida que desejar. Vejamos como:

  • Em Menu\Image\Image Size defina a dimensão que pretende em “Width/Largura” e “Height/Altura”. Na mesma janela, escolha o método “Bicubic Sharper (best for reduction).


8. Aplique se necessário uma dose de sharp

Pondere se o resultado final está perfeito ou se ainda poderá levar uma pequena ou grande dose de sharp:

  • Em Menu\Filter\Sharpen\Smart Sharpen -> faça experiências com estes dois parâmetros: “Amount” e “Radius”. Para uma imagem com 800px ou 1024px comece com valores baixos, por exemplo Amount 20% e Radius 0,3 pixels. Vá aumentando os valores progressivamente até notar que está a ultrapassar o aceitável (não deixe as suas imagens demasiado crispadas, prefira uma textura mais natural).


9. Verifique se a imagem está pronta para salvar em ficheiro JPEG

Em Menu\Image\Mode selecione os modos “RGB Color” e “8 Bits/Channel



10. Salve em ficheiro JPEG

Em Menu\File\Save As escolha o formato "JPEG (*.JPG;*JPEG;*JPE)" e clique em SAVE



11. Quando surgir a janela “JPEG Options” salve com a máxima qualidade

Selecione a máxima qualidade -> Large File




© Paulo Torck - Fevereiro 2013

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Revista Photonize

Foi com muita honra que aceitei escrever a matéria da edição nº 1 deste belo projeto editorial online que é a Revista Photonize. Aproveito para dar os parabéns ao John Batista pela excelente ideia.


A Revista Photonize já está online! 
Acesse a página www.photonize.net