quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

A “arte” na macrofotografia

Vi recentemente uma macro de um conhecido fotógrafo estrangeiro num registo muito diferente daquele que havia nos habituado: reflexos pronunciados, profundidade de campo mal escolhida, enquadramento desequilibrado, entre outros erros básicos, não condiziam com o histórico de quem sempre foi perfeccionista na execução dos fundamentos técnicos da fotografia. O estilo pouco habitual na iluminação, mais sombria, pode indicar que a sua intenção teria sido a de realizar uma obra com algum valor artístico, o que inviabiliza de certa forma uma avaliação mais formal.

Temos então um fotógrafo reconhecidamente competente, experiente, com um vasto portfolio de fotografias tecnicamente impecáveis e que em dado momento apresenta um trabalho com uma proposta diferente em termos de estilo e técnica. Terá mudado de equipamento e ainda não se habituado? Não será da sua autoria a tal foto? Terá sido feita após uns copos? Ou estamos a ver apenas o início de um novo estilo "artístico"?

Este episódio fez-me pensar nos pintores de arte que passaram por um percurso de aprendizagem das técnicas básicas de pintura e composição antes de produzirem obras do abstracionismo. Ou seja, uma vez tecnicamente formados, os pintores puderam exercer o legítimo direito da rúbrica artística em subverter ou ignorar as regras para criar algo novo. Da mesma forma, analogamente, seria lícito aos fotógrafos poderem produzir macros artísticas onde as regras fotográficas não são relevantes?

Para não divagar num tema demasiado complexo, vamos focar na seguinte questão: é ou não necessário possuir formação básica das técnicas fotográficas para se produzir uma obra artística?

Sem dúvida que é um tema polémico porque existem defensores do “sim, é necessário” – há que dominar a técnica para produzir arte - e existem os defensores do “não é necessário” - porque a arte permite que a obra possa ser vista sem vínculo com o seu autor, ou seja, ter um valor implícito, independentemente de quem a fez e como a fez. E não menos polémica é a opinião de que para alguém ser rotulado como “artista” deve dominar a técnica para melhor poder se expressar…

Passando ao lado da polémica, parece óbvio que se temos uma ideia por expressar, o domínio da técnica poderá contribuir para uma melhor execução da obra artística.

“Considero que domino a técnica fotográfica, agora quero ser diferente, ter um estilo, fazer arte”. 

Produzir arte é uma ambição legítima e bastante frequente, mas pouco concretizada, seja por receio das críticas, por vergonha do título pomposo/pretensioso ou por se considerar inapto artisticamente. Francamente, sugiro a todos que tenham esta vontade que deixem de inibições e ponham-se a fazer o que acham que são capazes. Não há necessidade de por a prova as suas vocações artísticas, a arte devia existir sobretudo para agradar o seu autor. Se tem dentro de si este "chamamento" artístico, o melhor é meter mãos a obra e se expressar, sem rodeios ou preconceitos.

"Mas afinal o que pode ser considerado arte na macrofotografia?"

Infelizmente não tenho a resposta para isso porque o próprio conceito de arte não permite balizas ou definições. Ninguém neste planeta está credenciado para ostentar o carimbo de “obra artística”, esta é, estão não é. Aliás, a própria inexistência de parâmetros não só impede que uma obra artística seja avaliada como tecnicamente correcta ou deficiente como também impossibilita classificá-la como obra artística, por mais paradoxal que isso pareça. Por isso, se tem o desejo de produzir arte com as suas macros, devia fazê-lo sem receios. Poucos elogios, incompreensão, dúvidas, estranheza, chacota e outras reacções menos agradáveis não deviam coibir a decisão de seguir em frente porque a arte nem sempre é feita para ser agradável ou facilmente digerida.

“Fotos macros artísticas têm valor?”

Valor para quem?
- Para os fotógrafos em geral? Talvez sim, talvez não, talvez achem “piada”.
- Para os biólogos acostumados a documentar pequenas criaturas? Talvez sim, talvez não, talvez achem “piada”.
- Para pessoas acostumadas a lidar com arte? Talvez sim, talvez não, talvez achem “piada”.
- Para a malta das redes sociais? Talvez sim, talvez não, talvez achem “piada”.

O “valor” é relativo ao público que consome a sua obra. Mesmo assim podemos constatar que, tendo em consideração apenas a receptividade global de sites fotográficos e redes sociais, as macros mais originais e criativas, que diferem do registo vulgar próximo ao documental, costumam obter grande aceitação.

Analisemos, a título de exemplo, este “Melhor Macro 2013” atribuído ao Kristian Potoma pela 1x.com:

© Kristian Potoma
© Kristian Potoma
Claramente enquadrada no âmbito artístico, a beleza desta composição agrada leigos e especialistas, de tal forma que recebeu o prémio de melhor macro do ano num dos sites fotográficos mais respeitados do universo online. Todavia, se fosse publicada em fóruns fotográficos como o fotografia@net ou MacrofotografiaPortugal provavelmente seria alvo de críticas específicas como o corte desnecessário das folhas, desequilibro na composição, reflexos pronunciados, falta de magnificação, etc. Se tal facto ocorresse, estou certo que pouco ou nada iria mudar a opinião de quem elegeu a foto como a melhor de todas porque os critérios de avaliação são essencialmente baseados no aspecto global e na originalidade.

Como nota final e para terminar com alguma graçola, revelo que este artigo ia ter outro título: "Será necessário formação técnica para ser artista da macrofotografia?", mas receei que o conceito de “artista” pudesse ter uma leitura menos séria associada a certos indivíduos que proliferam nos sites de fotografia e redes sociais. E como é do conhecimento geral, estes "artistas" raramente precisam de formação... :)

© Paulo Torck - Janeiro de 2014

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

A escolha de um flash para a macrofotografia

Se decidiu investir num flash a pensar essencialmente na macrofotografia, então leia este texto, é possível que o ajude no processo de escolha do equipamento.



Em primeiro lugar, avalie as suas prioridades e os seus recursos financeiros.

Por exemplo, ao adquirir um flash tradicional estará a investir num equipamento que tanto servirá para fotos normais como macros. Já um flash anelar (ring flash) encaixado como filtro numa objectiva terá pouca aplicação prática para além da macrofotografia.

Em relação à sua disponibilidade financeira, apenas a título de exemplo, se chegou à conclusão que um determinado tipo de flash é o ideal, havendo que decidir entre dois modelos, um com TTL e outro sem, o flash com TTL será sem dúvida uma melhor escolha, mas terá certamente um preço mais caro.

Para facilitar a explicação, vou agrupar os equipamentos de iluminação portátil nos seguintes segmentos:

A) Flash anelar


Há de dois tipos: electrónico ou com luzes LED

1. Electrónico:

2. Com luzes LED:




B) Flash externo tradicional


Pode ser utilizado:

1. Sobre a sapata da câmara:

2. Preso a um suporte ligado à câmara (bracket):


Nota: Uma solução com bracket permite a utilização de mais de um flash. Obviamente, quantos mais flashes tiver à sua disposição, melhores serão as hipóteses de obter uma boa luz. Todavia, penalizará a portabilidade na mesma proporção.


C) Flash Twin


Coloca-se à frente da objetiva:



Qual é a melhor solução para a macrofotografia?


Não há uma resposta única porque há demasiados aspectos para avaliar em cada equipamento como o preço, portabilidade, peso, capacidade E-TTL, potência, ajuste da intensidade, abrangência da luz, flexibilidade na utilização, direcção da luz, possibilidade de utilizar difusor, qualidade do material, cor da luz, consumo, etc.




Vantagens e desvantagens de cada tipo de flash do ponto de vista da macrofotografia:



  • Flash anelar electrónico


PROS: É uma solução prática porque é um equipamento leve quando comparado com um conjunto de 2 ou mais flashes externos e que proporciona uma luz envolvente capaz de eliminar a maioria das sombras.
CONTRAS: Normalmente, a luz é inflexível e homogénea. Ou seja, é uma luz cujo o ângulo de incidência é frontal e com intensidade uniforme. Nos casos de projectos fotográficos documentais, estas características não constituem um grande problema, mas no caso dos projectos fotográficos “estéticos”, onde se procura uma luz gradual que varia de intensidade sobre o tema, não irá conseguir este efeito com um flash anelar. Todavia, há modelos que dispõem de controlos de potência por quadrante ou por metades, que podem dar algum efeito de graduação da luz, mas em via de regra tais equipamentos costumam ter preços muito elevados.




  • Flash anelar com LEDs:



PROS: A sua luz contínua facilita o momento de fazer o foco, pois nas macros com aberturas muito fechadas a iluminação reforçada sobre o tema é muito bem vinda. Outro ponto a favor está na sua utilização para filmagens macros. Outro ponto a favor é que a maioria destes equipamentos dispõe de regulações por metades ou quadrantes, o que ajuda a obter uma luz menos homogénea (mais gradual).
CONTRAS: De forma geral, raramente apresentam potência que se compare a um flash estroboscópico. Mesmo os melhores e mais fortes não são suficientemente potentes para situações com aberturas muito fechadas.




  • Flash externo único sobre a sapata



PROS: A grande vantagem é poder ser utilizado em todas as situações, seja macro ou fotografia “comum”.
CONTRAS: Quando colocado sobre a sapata e não havendo outro flash a actuar em conjunto, esta solução apresenta uma certa dificuldade de fazer chegar a luz ao tema. Mesmo com a utilização de um difusor eficiente, é pouco provável conseguir uma luz tridimensional que consiga eliminar totalmente as sombras.  Nota: não estou a considerar a utilização de difusores que “transformam” o flash sobre a sapata numa espécie de flash anelar. Neste caso, passa a ser avaliado como um flash anelar.




  • Flash externo único colocado sobre um suporte (bracket)

PROS: A diferença em relação ao flash colocado sobre a sapata está na flexibilidade que o bracket acrescenta em relação ao ângulo da luz. Neste caso consegue-se fazer incidir a luz sobre o tema de forma mais controlada. Ou seja, consegue-se assim direccionar o ângulo da luz favorecendo quem pretende uma fotografia mais estética.
CONTRAS: O facto de utilizar um único flash irá manter o problema da incapacidade de eliminar sombras, por melhor que seja o difusor utilizado.




  • Flashes externos colocados sobre um suporte (bracket)

PROS: Uma solução com 2 ou mais flashes tem potencial para se tornar o que de melhor podemos almejar em termos de iluminação portátil de campo. Quanto mais flashes externos acrescentarmos, melhores serão as condições para obter melhores resultados.
CONTRAS: Parece óbvio que custos e portabilidade aumentam na proporção que se acrescentam flashes nesta solução.




  • Flash Twin



PROS: Os “twin” podem ser comparados a solução de 2 flashes num bracket com a vantagem de serem leves e normalmente criados unicamente para a macrofotografia, o que significa que dispõem de controlos muito precisos para este efeito. A sua flexibilidade na direcção da luz e portabilidade representam para muitos fotógrafos a melhor solução disponível à venda.
CONTRAS: Na maioria dos casos trata-se de um equipamento caro.



Portabilidade vs Mobilidade

A procura da iluminação ideal passa pela decisão de transportar mais ou menos equipamento para o campo:




O que eu recomendo?

Como disse no início, há muitos factores a ponderar sobre cada equipamento. Para além disso, questões como custos e a utilização exclusiva à macrofotografia são determinantes e específicos da cada pessoa. Por isso posso apenas recomendar que antes de comprar qualquer flash, pesquise pela net quais equipamentos são utilizados pelos fotógrafos mais experientes. Tente perceber através das fotos obtidas por cada equipamento, características como suavidade da luz, capacidade de iluminar o tema e o fundo, eliminação de sombras, graduação da luz, ângulo de incidência, tonalidade das cores. Veja os resultados que cada tipo de solução proporciona e compare os resultados. Lembre-se, ao analisar as fotos, que há para além dos flashes utilizados a influência dos difusores e da pós-edição.

Boas fotos!

© Paulo Torck - Dezembro de 2013

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

A história de uma foto


Local: Monte Alto, SP, Brasil
Ano: 1985 ou 1986
Câmara: Nikon F3
Filme: Kodacolor VR 400
Luz: Sem flash, luz do sol
Setup: Penso que foi a f/8 e 1/50s

Acredito que muitas pessoas com hobbie fotográfico têm uma foto que lhe atribuem a condição de ponto de viragem. Para mim é o caso desta libélula.

Mas antes, um pouco de história:  no início dos anos 80 as minhas primeiras macros, nem câmara eu tinha. Usava na altura o equipamento da agência de publicidade brasileira onde trabalhava. Produzia as fotos na medida que os criativos me solicitavam. Lembro-me de fotografar flocos de cereais, pormenores de rótulos e outras coisas do tipo. Os objectos mais pequenos que fotografei foram umas engrenagens de um relógio, desmontadas e espalhadas por cima de uma partitura musical.

As minhas primeiras macros de insectos com o mínimo de qualidade vieram anos depois quando comprei a primeira câmara à sério, uma Nikon F3 com uma prime Nikkor de 35mm e tubo de extensão também da Nikon. Nunca cheguei a comprar um flash para esta câmara, apesar da vontade, o dinheiro não dava para tudo.


A foto da libélula foi feita nesta época e considero-a mais importante macro que fiz. Não foi a primeira, mas foi a que me deixou convencido que tinha algum jeito para a coisa.

À vista de hoje, claro que não é nada de espectacular, mas na altura eu próprio fiquei surpreendido com os detalhes. É bom lembrar que os dias eram muito diferentes, não fazíamos fotos como hoje, os custos com filmes/revelações não permitiam fazer demasiadas fotos. Por vezes, ia para o mato e ao final do dia tinha clicado 2 ou 3 fotos. Como vocês podem imaginar, ao fim de muitos rolos de filmes (e dinheiro) é que havia uma ou outra foto que nos entusiasmava. É o caso desta libélula, ficou num porta retratos e salvou-se graças a isso.

Esta foto foi feita numa altura que já me preparava para me mudar para Portugal, o que implicou em deixar o hobbie. Câmara, carro e todos os meus pertences mais caros foram vendidos, já que não pensava mais voltar a viver no Brasil. Isso foi em 1989.


Num grande esforço de memória, sem certezas pois já lá vão muitos anos, penso que foi feita com f/8, 1/50s e luz do sol. Pelo menos, este setup era o mais habitual. O filme era certamente Kodak ASA 400 porque pagava preços promocionais pelos filmes e revelação.


Infelizmente as revelações da Kodak daquela altura no Brasil eram uma grande porcaria e o negativo não sobreviveu para poder fazer uma cópia como deve ser.


O hobbie ficou em stand by até finais dos anos 90. Daí veio o digital, lentes invertidas, tubos, etc...


segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Tapinhas nas costas




Vou resumir todo este artigo em duas frases:

Publique as suas fotos no facebook para aumentar o seu ego. 
Publique as suas fotos nos fóruns de fotografia para aumentar o seu conhecimento!

Se já entendeu a mensagem e concorda com ela, pode ignorar o resto deste texto se a sua curiosidade assim permitir. Se não concorda, sugiro que leia até ao final para depois tirar as suas conclusões.

Agora podemos aprofundar o assunto:


Facebook


Gostaria de deixar claro que nada tenho contra o acto de publicar trabalhos fotográficos no facebook ou em qualquer outra rede social. Pelo contrário, considero que são bons meios para difundir projectos fotográficos, apesar da perda de definição que a compactação do facebook faz aos uploads.

Todavia, chamo a atenção para o facto dos comentários no facebook, em sua grande maioria, serem feitos por leigos que se limitam a expressar um “gosto” ou “excelente” e as suas respectivas variantes. Mesmo a minoria composta por pessoas com conhecimentos fotográficos, tem por hábito manter este mesmo registo “simpático” e “elogioso”. Isto acontece porque estamos inseridos numa rede social, onde convém ser amigável e pouco conflituoso. É um comportamento típico dos povos latinos e naturalmente espelhado num ambiente de comunidade virtual. A própria estrutura funcional do botão “like” do facebook torna a experiência de avaliação muito redutora e tendencialmente positiva: afinal não há um botão de “no like”, pois não?

Não restam dúvidas que estamos diante de uma grande fonte de inchaço para o ego. Porém, já considerou que este positivismo exagerado e pouco rigoroso pode não ser totalmente benéfico para o aprimoramento da sua técnica fotográfica?

Obviamente que esta pergunta é dirigida a quem reconhece que há valores técnicos a serem observados. Se não atribui qualquer valor aos fundamentos fotográficos ou se a sua ambição se limita a receber elogios, se isso faz sentir-se bem, então é razoável que se fique apenas pela partilha de fotos no facebook. Ninguém o irá recriminar por isso, é perfeitamente natural e humano.

Todavia, se a sua ambição leva-o a querer escrutinar os seus trabalhos de forma fundamentada, no sentido de perceber o que está bem e o que está mal para poder evoluir na técnica fotográfica, então irá precisar de uma ajuda efectivamente fundamentada, algo que dificilmente irá obter no facebook.


Fóruns


Antes de mais, notem que há inúmeras formas de escrutinar os vossos trabalhos fotográficos: podem mostra-los aos colegas de cursos de fotografia, falar com amigos fotógrafos, mostrá-los nos workshops e encontros fotográficos, etc. Entretanto, há que reconhecer que os fóruns de fotografia estão a mão de semear e são na maioria das vezes uma boa fonte de informação sobre todo o universo fotográfico.

Nos fóruns encontramos um pouco de tudo, de especialistas realmente capacitados a pessoas sem competência. Por isso nem todas as avaliações ou dicas podem ser consideradas válidas. O tempo, a experiência, o convívio e o bom senso conduzem-nos a compreender cada vez melhor o que podemos entender como útil ou dispensável ao nosso processo de aprimoramento.

Reconheço que muitos fotógrafos, mesmo os mais experientes, podem ficar inibidos de publicar os seus trabalhos nos fóruns por acharem que os comentários são normalmente muito rigorosos. E sejamos frontais: ainda bem que é desta forma, caso contrário estaríamos diante de mais uma rede social, mais um sítio para levar tapinhas nas costas. Os fóruns reúnem pessoas supostamente ligadas ao tema da fotografia. Como o tema é intrinsecamente caro a todos, é natural que os comentários sejam rigorosos e não raramente depreciativos. Estamos num ambiente onde se fomenta a guerra contra as imperfeições. A forma como as opiniões são expressas variam de acordo com os seus interlocutores: podemos receber críticas polidas e educadas em contraponto de outras mais rudes e ásperas. Contudo, seja qual for o tom da avaliação, o resultado será em grande parte das vezes útil para corrigirmos o que andamos a fazer mal e reforçar o que fazemos bem.


Conclusões


Se quer permanecer na sua zona de conforto, o facebook é uma opção válida. Se quer aprender ou aprimorar os fundamentos fotográficos, então aventure-se num fórum.


Algumas recomendações


  • Se tem pouca experiência fotográfica: participe num fórum. Os fóruns não são exclusivos dos experts, todos têm direito a participar. Por isso perca a inibição, publique as suas fotos e faça críticas e avaliações das fotos dos colegas. 
  • Se acha que já sabe tudo: participe num fórum. Irá perceber, em pouco tempo, que não sabe tudo.
  • Se acha que as suas fotos são perfeitas: participe num fórum. Poderá se surpreender com as possíveis imperfeições que julgava não haver.
  • Se acha que ninguém está acima de si para criticar: participe num fórum. Prove a si mesmo que é melhor que os demais.
  • Se não acredita em técnicas e fundamentos fotográficos: fique pelo facebook ;)


Alguns endereços de fóruns de fotografia


http://www.forumfotografia.net (na minha opinião, o melhor de todos os fóruns de língua portuguesa)
http://macrofotografiaportugal.com (fórum fundado por mim especificamente para a macrofotografia)
http://www.forumdigitalfoto.com
http://forum.brfoto.com.br
http://forum.mundofotografico.com.br





© Paulo Torck - Outubro de 2013


quinta-feira, 20 de junho de 2013

Workshop de Flores e Objectos

Afinal, para quem achava que só faço fotos de bichos, informo que as minhas aptidões são um pouco mais abrangentes... :)

Acabei de realizar na empresa onde trabalho, no âmbito de um programa de dinamização dos recursos humanos, um workshop de fotografia que consistiu em ensinar aos meus colegas as técnicas específicas para fotografar flores e objectos de pequenas e médias dimensões. Flores na natureza, em vasos e flores artificiais, objectos como jóias, relógios, moedas, selos, peças de arte, decoração, garrafas, cerâmicas, frascos de perfume, equipamentos, brinquedos, materiais desportivos, etc.

Foram sessões à hora do almoço, portanto com um tempo muito limitado, mas onde foi possível transmitir as técnicas básicas num curso bastante prático e cujo feedback dos alunos me deixou bastante satisfeito.

Em breve espero poder publicar aqui as fotos de exposição de cada um dos meus alunos.

Até já!









quinta-feira, 23 de maio de 2013

Afinal… o que é macrofotografia?

Para aqueles que pouco ou nenhum contacto tiveram com a macrofotografia, a explicação que costumo utilizar é simples e fácil de compreender: "Macrofotografia é a modalidade fotográfica que procura retratar os detalhes do universo pequeno."

Contudo, para os que já conhecem esta ciência e praticam-na, a definição acima é demasiado superficial. Por isso é necessário especificar quais são os requisitos que diferenciam a macrofotografia de uma fotografia comum.

Entre os aspectos que abrangem os equipamentos fotográficos (óptica e o sensor) às dimensões do objecto fotografado, a questão mais importante e menos consensual diz respeito ao nível de magnificação obtido numa fotografia.

É precisamente neste contexto dos "limites das magnificação" que os aficionados da macrofotografia costumam debater em discussões intermináveis:

“Macro é exclusivamente quando o factor de ampliação é 1:1 ou superior…”
“Isso não é macro porque o assunto é muito grande…”
“Uma foto de uma flor nunca poderá ser uma macro…”
"Uma foto de uma libélula de corpo inteiro nunca poderá ser uma macro..."
“Macro é até 5:1, a partir daí é micro…”
“1:2 não é macro…”
" Foto com crop não é macro..."
Etc...

Já perdi a conta das vezes que expressei a minha opinião em fóruns e no facebook na tentativa de minimizar estas discussões desnecessárias e pouco produtivas. Contudo, como verifico que ainda persiste muita confusão à respeito do que define a macrofotografia, resolvi expor o meu ponto de vista de forma mais substanciada, principalmente no que concerne em revelar os parâmetros desta "ciência".

E se estamos à procura de definições para uma ciência, há que se encontrar o "responsável" pelo seu enunciado.

Por isso antes de responder à pergunta “o que é macrofotografia”, julgo que é importante perceber se já existiu ao longo da história da fotografia alguém que tenha sido o responsável pela criação da macrofotografia enquanto ciência, ou se o termo foi sendo apropriado e moldado conforme as necessidades de quem o pratica.

Em outras palavras, é preciso saber se houve na história da fotografia alguma pessoa, empresa ou instituição que tenha assumido de forma inequívoca a invenção do termo “macrofotografia” e, se tal aconteceu, tenha estabelecido normas e especificações que a regulamentasse.

Vamos efectuar uma pequena investigação à procura da paternidade da macrofotografia:

Dicionários


Comecemos pela definição dos dicionários.

Em Portugal, no site da Priberam não existem referências às palavras “macrofotografia”,  “macro-fotografia” ou “macro fotografia”.

Fiquemos então pela partícula “macro”: vem do grego makrós, -á, ón, significa “grande”, “longo”.

Ou seja, não há qualquer menção que atribua à palavra “macro” parâmetros ou condições de existência.

Já nos dicionários em inglês é possível encontrar o termo “macrophotography” com a seguinte definição: “extremely close-up photography in which the image on the film is as large as, or larger than, the object”.

No que confere aos dicionários de língua inglesa, a maioria das referências estabelece um único parâmetro: a imagem que se forma no “filme” (sensor nos dias de hoje) tem que ser igual ou maior que o objecto fotografado.

Todavia, não há nestes dicionários pistas que denunciem quem criou ou estabeleceu a parametrização de escala real/natural (1:1) como norma ou padrão para a macrofotografia.



Enciclopédias


Então passemos às enciclopédias da internet.

Seja em língua portuguesa como inglesa, a referência mais comum à respeito da macrofotografia é aquela que a define como um tipo de fotografia que capta um tema com dimensões iguais ou superiores aquela que se forma no filme ou sensor.

Citemos a Wikipédia: “Classicamente, o campo da macrofotografia está delimitado pela captura de imagens em escala natural ou aumentada em até cerca de dez vezes seu tamanho natural (entre 1:1 e 10:1 de ampliação), mas uma definição precisa está cada vez mais difícil, uma vez que as muitas câmaras digitais usam sensores diminutos. Por outro lado, muitas fotos são obtidas à distância, com o uso de teleobjetivas para captura da imagem, e nem por isso a foto capturada deixa de ser uma macrofotografia.”

Uma vez mais, seja em Portugal ou em outros países, não há nas enciclopédias uma explicação histórica ou científica para atribuir à macrofotografia alguém que tenha estipulado valores absolutos de escala de ampliação.


Raízes históricas


Há registos de fotografias macros desde o início do século XIX. Lentes de aumento à frente do que já eram as primeiras câmaras, forneciam a capacidade de magnificação suficiente para efectuar fotografias com temas em escala real (1:1).

Na mesma altura, já havia quem acoplasse câmaras fotográficas aos microscópios para fazer fotos de organismos invisíveis ao olho desarmado. Em 1839, John Benjamin Dancer, um oftalmologista britânico, produziu as primeiras fotografias com factor de ampliação de 160x com uma câmara acoplada a um microscópio.

No início do século XX, nos primórdios da chamada fotografia da natureza, Ansel Adams e os seus colegas do Sierra Club já faziam fotografias macros da flora e fauna com lentes de diversas origens. Algumas lentes eram concebidas e fabricadas especificamente para o "efeito macro" como objectivas ou, na maioria dos casos, adaptadas artesanalmente pelos próprios fotógrafos em tubos ou foles.

Porém, se alguém merece a alcunha de primeiro grande macrofotógrafo do mundo, este é Percy Smith. Nascido em Londres em 1880, foi em 1910, com uma câmara de filmar, que efectuou a gravação de imagens de uma mosca a fazer acrobacias que causaram um grande fascínio na altura.

Em 1928, o que seria a primeira câmara reflex de Franke & Heidecke Rolleiflex de médio formato TLR já dispunha de uma objetiva de 35mm com capacidade macro.

Mas foi em 1955 que Heinz Kilfitt da Kilfitt Makro-Kilar de Liechtenstein criou para a marca de câmaras Exakta uma objectiva de 35mm-f/3.5. É considerada a primeira objectiva efectivamente dedicada à macrofotografia 1:1.

Todavia, na história da fotografia, dos seus primórdios aos dias de hoje, não há um único registo que atribua à macrofotografia um enunciado pautado por regras e requisitos necessários à sua existência enquanto ciência.


Uma questão pragmática


Sem legados históricos e sem haver alguém a quem possamos imputar a alcunha de criador da macrofotografia enquanto ciência, resta encontrar uma explicação de carácter pragmático e comercial.

A explicação mais plausível para a anexação à macrofotografia do conceito de “imagem captada em escala real/natural 1:1” pode ser encontrada no mercado de equipamentos ópticos como os fabricantes de objectivas.

Estas empresas convergiram, de acordo com a demanda dos seus equipamentos, na criação e comércio de objectivas com valores específicos como 1:1, 1:2, 5:1, 10:1, etc.

Um dado "pitoresco" é que estes mesmos fabricantes não abdicaram de lançar para o mercado objectivas com a chancela "macro” estampada em lentes com valores de ampliação menores que o 1:1  como, por exemplo, 1:2, ou ainda com valores menos “redondos” como o 1:3.7.

Contudo, não havendo patentes de objectivas macros, que nada mais são que canudos com lentes de aumento no seu interior, a indústria de equipamentos fotográficos nunca pode estabelecer normas reguladoras que definissem a macrofotografia de forma oficial. O que fizeram foi apenas lançar padrões comerciais que variaram segundo as tendências do mercado consumidor.


Conclusão


A história da macrofotografia é tão antiga quanto a da própria fotografia e o surgimento de fotógrafos e de equipamentos dedicados à macrofotografia nunca foi formatado ou constrangido por regras ou especificações para além das convencionadas pela indústria de equipamentos fotográficos.

Portanto, a conclusão que se pode chegar é que sem um registo histórico e factual da existência da invenção da macrofotografia enquanto ciência, não se lhe pode atribuir um conjunto de regras delimitadoras com valores específicos apenas porque "achamos" que deve ser assim.


Por fim e não menos importante...


Como ando nestas lides há algum tempo, sinto-me à vontade para transmitir a seguinte mensagem aos que, como eu, “vivem” este fabuloso mundo da macrofotografia:

- Preocupem-se menos em rotular e definir limites.
- Evitem pontos de vistas intransigentes sobre algo que não tem bases históricas para classificar como norma estabelecida.
- Aceitem como definições da macrofotografia conceitos mais intrínsecos e generalistas como o da aproximação, ampliação e revelação de detalhes.
- Desdramatizem o assunto, utilizem apenas o bom senso.
- Dediquem-se ao que realmente importa: fotografar.


© Paulo Torck - Maio de 2013

P.S. Bom senso, entre muitas coisas, é compreender minimamente o que separa uma macrofotografia de uma fotografia comum, como se pode ver no exemplo abaixo.




quinta-feira, 9 de maio de 2013

Workshop que vou realizar no Centro Ciência Viva de Proença-a-Nova dia 25 de Maio

Roteiro da minha sessão:

Equipamento
Parâmetros da câmara
Luz
Execução
Edição
Composição
Noções de focus stacking



mais informações no site do Centro Ciência Viva da Floresta